Diante do sucesso e da repercussão, Tatiana Issa, diretora do documentário, concedeu uma entrevista à colunista Nina Lemos e relembrou alguns momentos marcantes da produção, como o tempo dos depoimentos de Glória sobre o caso:
Era muita dor, muita emoção. O depoimento da Glória demorou 20 horas. Cada hora um chorava, o técnico de som, o câmera. A gente parava, tomava um café e voltava. A Glória nos deu todo o arquivo dela. Colocou tudo à disposição. Tinha gravação, foto da perícia, foto da infância. Entramos em um mergulho profundo no mundo da Daniela. É muito dolorido, porque vimos a Dani bebê, criança, adolescente e depois as fotos da perícia, do corpo dela. E vimos muita coisa pior, fotos terríveis, cruéis que decidimos não colocar no documentário. Foi muito duro mesmo.
Segundo ela, a decisão de contar a história aconteceu após um sonho com a atriz:
Uma noite sonhei com a Dani e resolvi falar com a Glória, mesmo achando que alguém já devia estar fazendo ou que já tivesse um documentário pronto para os 30 anos da morte dela. Mandei um email meia-noite e meia e disse: Glória, você está fazendo algo, existe a ideia de fazer? Ou não quer fazer porque o assunto é muito delicado? Se for isso respeitarei, mas se você quiser estou disposta. Na mesma hora ela respondeu que era fã dos Dzi Croquettes [longa dirigido por Tatiana], que admirava a delicadeza do meu trabalho e que, também por eu conhecer a Dani, era a pessoa perfeita para fazer o documentário.
Tatiana também contou qual foi o momento mais difícil das gravações:
A cena em que a Bárbara, prima da Dani, abre a sacola com a roupa que ela usava no dia do assassinado. A perícia deu isso para a Glória e ficou 30 anos guardado. Nunca tinha sido aberto. E para gravar as imagens mais perto, tive que pegar as roupas. Quando abri aquela sacola, vi que o tênis ainda tem areia, porque ela foi arrastada, ainda tem sangue na calça, tem o cheiro, a terra. Aquilo é uma materialização tátil da morte. Eu parei tudo e chorei 45 minutos. Abracei as roupas como se fosse a Dani. É muito louco você pegar tudo aquilo na mão. É como se você tivesse voltado 30 anos atrás. Você vê aquela blusinha de menina, aquele cinto. Saber que tinha uma vida ali é desesperador.
Tatiana revelou que no dia do assassinato de Daniella estava trabalhando com Raul Gazolla, viúvo da atriz. Em suas redes sociais, ela elogiou a força de Glória Perez e postou duas fotos emocionantes com a escritora.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.