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Ribeirão celebra cultura na 1ª edição de Feira Literária

Legado de Oswald de Andrade é tema da Flirp; imortais da literatura já confirmaram presença no evento, em setembro

Joyce Cunha
Do Diário do Grande ABC
14/08/2022 | 00:01
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Divulgação


A Rua Felipe Sabbag, região central de Ribeirão Pires, será o principal cenário de grande festa em celebração à cultura nacional. Nos dias 24 e 25 de setembro, a cidade promoverá sua primeira Feira Literária, a Flirp, encontro que reunirá, além de autores consagrados e editoras de todo o País, mix de linguagens e expressões culturais. A lista completa de atrações, que inclui debates, apresentações de dança e de música, será divulgada nesta semana pela Prefeitura.

Os destaques da Flirp 2022 foram antecipados ao Diário, que é parceiro na realização do evento. A programação começa com apresentação da companhia Ballet Africa Rythme, de Senegal, África, no Paço Municipal (Rua Miguel Prisco, 288). Logo no primeiro dia de atividades, Ignácio de Loyola Brandão, 86 anos, escritor premiado e membro da ABL (Academia Brasileira de Letras), participará de uma das 17 mesas literárias e lançará nova obra, Deus, o que quer de nós?. 

Antes de Loyola, Antônio Carlos Secchin, que também é um dos imortais da ABL, dará início à série de debates da Flirp, apresentando ao público as “intenções, contribuições e incongruências” da Semana de Arte Moderna de 1922. Os escritores Marcelino Freire, Paulo Scott e Andrea del Fuego também confirmaram presença na Feira. 

Sob a curadoria do escritor Reynaldo Bessa, a programação da Flirp foi construída a partir da obra e do legado do poeta Oswald de Andrade, um dos principais modernistas brasileiros que morou em Ribeirão Pires nos anos de 1950. O evento é também homenagem ao centenário da Semana de Arte Moderna. 

Esta será uma festa para o livro, pelo livro e com o livro”, ressalta Bessa. “Costumo dizer que uma feira literária é antes de tudo um movimento de resistência pela proteção, valorização e democratização do livro. Na Flirp, teremos várias coisas acontecendo ao mesmo tempo. Contemplamos tudo. Não ficou nada de fora”, revela.

Tendas para exposição de livros, com a presença de 32 editoras, estarão intercaladas com pontos de leitura. Durante os dois dias da Flirp, a chamada Arena Pau-Brasil, na Rua Felipe Sabbag, receberá mesas literárias, espaços dedicados ao diálogo entre escritores e visitantes sobre temas relacionados aos desafios da arte literária, raízes históricas e panorama atual. 

“Aquilo que o modernismo não conseguiu alcançar na década de 1920 por conta das limitações da época, estamos de alguma forma querendo contemplar. As mesas cumprem o papel de reconhecer as novas literaturas, com a representatividade feminina, da cultura afro-brasileira, LGBTQIA+ e comunidades indígenas. Estes temas candentes, relevantes à sociedade, estarão presentes na Flirp”, explicou o historiador e diretor de Patrimônio da Secretaria de Turismo de Ribeirão Pires, Marcílio Duarte.

A cultura hip hop e suas novas formas de trabalhar a estrutura poética, enraizada na vida urbana e no cotidiano das comunidades periféricas, figura entre os temas que trazem à Flirp as novas linguagens e formas de expressão. 

Escritores e artistas de Ribeirão Pires e região também fazem parte da programação. William Costa Lima, Daniela Terehoff, Francisco Assis de Jesus, Maira Garcia e Sara Andreozzi integram a mesa de debate “A Prova dos Nove: Literatura Ribeirão-Pirense”.

A Rua Domingos Morgado (Palco Invenção e Surpresa), uma das travessas da Rua Felipe Sabbag, será reservada à literatura infantil e infantojuvenil. O local receberá intervenções culturais da Emarp (Escola Municipal de Artes de Ribeirão Pires). 

A Flirp 2022 terá, ainda, no Palco Vanguarda, shows musicais da Orquestra de Violeiros de Quirinópolis, de Goiás, Bantu Brasil, Marco de Vita, Fernando Anitelli, o renomado violonista ribeirão-pirense Robson Miguel, e Samuca e a Selva. 

Na Aldeia Antropofágica, além de Ignácio de Loyola, artistas de todo o País farão o lançamento de suas obras. O Paço Municipal será área de gastronomia, com destaque a food truck com pratos típicos da África. 

“Queremos que a Flirp seja um evento da cidade, e não de governo. Nossa ideia é que esse evento se perdure e vire uma tradição na Grande São Paulo, fomentando o turismo cultural e movimentando a economia local, além de promover o acesso e o incentivo à leitura de nosso povo”, declarou o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PL). 

O curador da Flirp, Reynaldo Bessa, também concedeu entrevista exclusiva sobre a Feira à jornalista Juliana Bontorim. O conteúdo está disponível no canal do Diário no Youtube. 

Antropofagia e modernismo de Oswald darão tom à Flirp

A 1ª Flirp (Feira Literária de Ribeirão Pires) promoverá, nos dias 24 e 25 de setembro, o encontro de diferentes linguagens. A proposta foi inspirada no movimento modernista e na obra de Oswald de Andrade (1890-1954), um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922. O Sítio Boa Sorte, em Ribeirão Pires, foi o refúgio do poeta no fim de sua vida, entre 1951 e 1954. 

“Toda a ideia da Flirp foi baseada nos textos de Oswald. Ele estará presente, com sua arte, nos dois dias do evento”, afirmou Reynaldo Bessa, curador do evento. 

A valorização da cultura nacional segue a ideia antropofágica de Oswald. “Segundo os manifestos oswaldianos, podíamos continuar apreciando a arte estrangeira, mas não podíamos mais copiá-la. Deveríamos devorá-la para a criação, em todas as suas vertentes e possibilidades, de uma arte genuinamente nossa”, concluiu Bessa. 

Os visitantes da Flirp poderão conhecer a casa onde viveu Oswald de Andrade. Nos dois dias do evento, das 12h15 às 16h15, a Prefeitura oferecerá passeio gratuito ao Sítio Boa Sorte, com saída da Rua Leonardo Meca.

“A Flirp será o encontro da literatura, a transformação dos espaços públicos, trazendo o centenário de Arte Moderna com Oswald de Andrade. Afinal, o modernismo morou em nossa cidade”, disse a secretária de Educação e Cultura de Ribeirão Pires, Rosi de Marco.




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