A desfaçatez da Enel
Do Diário do Grande ABC
28/06/2022 | 23:59
Aumentos de tarifa nunca são oportunos. Mas existem aqueles que, por virem em momentos totalmente descabidos, beiram a desfaçatez. É o caso da majoração das contas de luz no Grande ABC anunciada ontem pela Enel. Exatamente quando a concessionária de energia está sendo acusada de má prestação de serviços por praticamente todas as sete cidades, a ponto de estar sendo investigada por câmaras de vereadores e Ministério Público do Estado de São Paulo, a empresa avisou que vai reajustar os preços em 10,15% para os clientes residenciais e em 18,03% para os industriais. A medida passa a vigorar a partir do dia 4.
Com descaramento comum a quem só se preocupa com lucros, sem se interessar pelo aspecto social do negócio em que atua, o diretor de regulação da Enel, Luiz Gazulha, limitou-se, na coletiva de imprensa que concedeu, a justificar os aumentos, como se a companhia não fosse responsável por uma das piores prestações de serviços entre as concessionárias públicas que atuam na região. Ninguém é contra a companhia ser remunerada pelo que faz de forma justa. Desde que, todavia, realize o trabalho com o mínimo de qualidade exigido pelo contrato.
A Enel tem deixado a desejar. São recorrentes os episódios de consumidores do Grande ABC que relatam ter ficado dias seguidos sem luz em casa ou no estabelecimento comercial ou industrial, fato que provocou prejuízos enormes. A falta de profissionalismo e capacidade técnica para executar os serviços já deveria ter sido alvo de questionamentos há muito tempo. Não é possível ser tão ruim sem que nenhuma sanção seja aplicada pelos órgãos fiscalizadores.
Esperava-se que a Enel tivesse a decência de solucionar a lista de problemas enfrentados diuturnamente pelos consumidores do Grande ABC antes de repassar às contas o reajuste autorizado pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Como não teve, caberá aos departamentos de defesa do consumidor agir, com a mesma velocidade, para fazer a empresa cumprir suas obrigações contratuais com as cidades em que atua.
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