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Turismo rodoviário de raiz. ‘Bora’ para o Paraguai?
Por Rodermil Pizzo
27/06/2022 | 23:59
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Se o turismo tivesse de nomear uma mãe para a motivação, o ajuntamento de grupos e o alavancar das viagens coletivas no Brasil esta se denominaria excursões rodoviárias.

Sabido é que o turismo se dá há séculos, a história conta isso. Porém, excursionismo raiz no Brasil se fortalece, ganha corpo e status com o ajuntamento de amigos e vizinhos em um ônibus fretado para as viagens de um dia.

Denominado gentilmente como bate e volta, nada mais é que chegar ao local, desfrutar de um dia todo de diversão e retornar para o ponto de origem, sem ter hospedagem, alimentação ou pernoite incluído, apenas o transporte. Podemos considerar nosso professor e mestre sobre excursões.

Nos anos 80 e 90, as viagens para o litoral, de um único dia, eram epidêmicas. Praia Grande, Santos e São Vicente recebiam centenas e centenas de ônibus todos os domingos e feriados. Todavia, se quer saber algo sobre a raiz do bate e volta, nada supera as excursões ao Paraguai.

Com variações na nomenclatura, como turismo para muamba; compra de importados; sacoleiros, nunca contrabandistas, até porque, na essência, não o éramos mesmo. Isso sim era a viagem de turismo em grupo e com características de um verdadeiro bate e volta.

Dezoito horas no ônibus, dormindo, acordando, cantando, rindo e lamentando, amassados, cansados, exaustos e famintos, chegávamos a Foz do Iguaçu. Após um brevíssimo café nos postos próximos da fronteira, estávamos prontos, os olhos brilhavam ao ver a ponte da divisa, mas, calma, ainda tínhamos a fila de entrada, longas e exaustivas, nos estressávamos, tão perto e tão longe ao mesmo tempo. Ali aprendíamos como é estar no purgatório visualizando o paraíso.

Atravessamos a Ponte Internacional da Amizade, divisa Brasil e Paraguai, e como em um passe de mágica, a alma voltava ao corpo. Sem nenhum aditivo externo, exceto uma Coca-Cola e uma lata de batata Pringles, estávamos prontos para dez horas de compras nas ruas esburacadas, cheias de terra e sujas do paraíso dos importados – pelo menos é assim que acreditávamos ser.

Corríamos muito, o tempo era escasso, discutíamos por preço, ainda que não adiantasse.

Poucos sabem, mas muitos de nós excursionistas ganhavam estas viagens, apenas para ajudar na cota do amigo pagante. Tênis, perfumes e toca-fitas de carro eram os queridinhos. Xampus e creme de cabelos importados, de onde? Sinceramente não faço ideia! Mas comprávamos pela cor, pelo tamanho da embalagem que continha dois litros. Eram xampus e cremes que dava para lavar os cabelos por um ano e besuntar o corpo por seis meses. Tempo suficiente para retornarmos às compras. Prazo de validade? Sério?

Não posso me esquecer de mencionar que ainda tínhamos de voltar ao ônibus, atravessar a fronteira Paraguai-Brasil e, novamente, outra fronteira, Brasil-Argentina, nos aguardava. Sim, três fronteiras em um único dia.

Ah! Na Argentina era muito diferente. Nada de eletrônico, tênis ou perfumes, apenas as azeitonas, as blusas de caxemira, que cheiravam a lhamas peruanas. Comprávamos blusas e mais blusas como se vivêssemos nos Andes. Todavia o ápice das compras nos hermanos eram as réstias de alhos. Até hoje me pergunto: por que diabos compravam tanto alho? As réstias compostas por cem cabeças e oitocentos gomos dariam para dizimar todos os protagonistas da série Crepúsculo.

Lamento, leitores, o espaço da coluna se encerou! Semana que vem seguiremos...

Rodermil Pizzo é doutorando em Comunicação, mestre em Hospitalidade e colunista do Diário, da BandFMBrasil e do Diário Mineiro. 




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