Executivo renuncia ao cargo depois de críticas de Jair Bolsonaro por alta dos combustíveis
José Mauro Coelho renunciou ontem (20) à presidência da Petrobras e saiu do Conselho de Administração da estatal. Ele é o terceiro executivo a deixar o cargo desde o início do mandato de Jair Bolsonaro (PL). O diretor de exploração e produção da Petrobras, Fernando Borges, assume como presidente interino da petroleira. De acordo com especialistas, a mudança no comando da empresa não gera efeito positivo em relação às altas nos valores dos combustíveis.
A saída de Coelho já era esperada pelos conselheiros. A atual indicação de Bolsonaro é Caio Paes de Andrade, secretário de desburocratização do Ministério da Economia. Após o anúncio dos reajustes, o presidente da República ameaçou formar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar as movimentações da companhia. Hoje, o Governo Federal está entre os acionistas que mais lucram com as financas da empresa.
Borges está na estatal há 40 anos e já passou por cargos como gerência executiva de relacionamento externo e diretor no IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis). Desde 2016, ele estava como diretor da Abep (Associação Brasileira de Empresas de Exploração e Produção de Petróleo e Gás).
Segundo Rodrigo Leite, professor de Finanças e Controle Gerencial do COPPEAD/ UFRJ (Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro), o principal efeito dessas trocas é a queda de confiança dos investidores. "Os acionistas observam que as interferências do governo não são calculadas e ficam sem saber quanto tempo o próximo presidente da companhia ficará no comando, prejudicando, assim, as ações na bolsa." Em paralelo, a medida não gera nenhum impacto em relação aos valores dos combustíveis. "Uma possibilidade seria se o governo federal definisse uma política direcionada ao sistema de combustíveis igual tem sobre a energia elétrica. Isso deveria ter sido pensado antes da crise", ressalta.
O economista Fabio Bittes Terra, professor na UFABC (Universidade Federal do ABC), indica que os reajustes da Petrobras podem gerar impactos no IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). "A estimativa é que a mudança na gasolina cause variação de 0,13 pontos percentuais na inflação oficial do Brasil. É um efeito cascata." Para ele, o governo federal pode propor mudanças na política de cotação adotada pela estatal, mesmo que cause incômodo no mercado financeiro. "Poderia ser proposto a mudança na fórmula de precificação do petróleo, como um fundo de estabilização de preços com valor médio. A tendência é que as perdas e ganhos se equiparem ao longo do tempo", afirma.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.