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A cada 25 preservativos entregues na região apenas um é feminino

Itens estão disponíveis gratuitamente nas unidades de saúde do Grande ABC; falta de divulgação contribui para baixa adesão, diz especialista

Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
19/06/2022 | 00:01
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DGABC


O uso da camisinha (feminina ou masculina) é o método mais eficaz para prevenção de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), além de evitar gravidez não planejada. Porém, entre as duas modalidades, o preservativo masculino possui maior utilização e, por conta da alta demanda, é mais distribuído nas unidades de saúde ou disponibilizado em estabelecimentos comerciais. A cada 25 preservativos distribuídos nas cidades do Grande ABC, apenas um é destinado para o público feminino.

A distribuição do método contraceptivo não é nenhuma novidade. Desde do início do século que o item é ofertado gratuitamente em diversos pontos, como hospitais, postos e UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de todo o País – inclusive nos municípios da região. Devido à baixa adesão das mulheres, o setor público distribui o item feminino em menor quantidade. 

De janeiro a maio deste ano, foram repassados mais de um milhão de preservativos masculinos pelas prefeituras de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Ribeirão Pires, enquanto no mesmo período a distribuição da camisinha feminina foi de apenas 40, 7 mil unidades – apenas 4% do total masculino. Segundo as prefeituras, constantemente são realizadas campanhas de conscientização para uso do item. Mauá e Rio Grande da Serra não responderam à demanda com os dados. 

Nos cinco primeiros meses do ano, a Secretaria Estadual da Saúde repassou às sete cidades cerca de 615 mil unidades femininas e 1,6 milhão de preservativos masculinos. Segundo a pasta, as camisinhas destinadas ao público feminino são de aquisição do Ministério da Saúde. Em âmbito nacional, no mesmo período, foram distribuídos aos Estados e ao Distrito Federal cerca de 13 milhões de itens masculinos e 1,6 milhão de unidades destinadas às mulheres. 

A falta de campanhas de conscientização pelos órgãos públicos é atribuída como a principal causa para baixa adesão, conforme afirma a educadora menstrual e em sexualidade Amanda Abreu. “O preservativo feminino não tem a mesma visibilidade do masculino. Nos materiais divulgados pelos órgãos públicos, principalmente em datas comemorativas, quando são reforçadas as campanhas, apenas a camisinha masculina aparece em destaque. Além disso, é preciso promover planejamento reprodutivo nas unidades de saúde para poder ensinar às mulheres utilizarem e terem mais familiaridade com o item”, explica a especialista.

A educadora sexual pontua, ainda, que as mulheres também enfrentam dificuldades para utilização do preservativo nos relacionamentos. “Mesmo a camisinha masculina, que é mais difundida, ainda é subutilizada nas relações. Em muitos casos os parceiros insistem para não colocar o preservativo pelo fato de se relacionarem com uma única parceira. É também uma questão cultural”, diz Amanda. 

EFICÁCIA

A médica ginecologista do Hospital Albert Einstein Mariana Rosario ressalta que o preservativo feminino é tão eficaz quanto o masculino, e o item, que é introduzido no canal vaginal, possui maior proteção às mulheres, pois recobre a parte externa da vulva, que diminui a fricção no local, podendo melhorar a proteção contra HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) externo.

“A prevenção funciona da mesma forma, como uma espécie de barreira. O preservativo é inserido na vagina e impede que o espermatozoide chegue até o colo do útero. A diferença entre os dois tipos está no material fabricado. O preservativo feminino é feito de poliuretano e acaba sendo mais resistente que o látex (material usado na produção da camisinha masculina)”, esclarece.




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