Política Titulo Reviravolta
Delação complica a situação de Claudinho em Rio Grande

Ex-funcionário da Câmara fez declaração junto
ao MP, relato implica também o secretário Admir Ferro

Por Daniel Tossato
18/06/2022 | 08:21
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André Henriques/DGABC


Pivô da ação que culminou na ação da Polícia Civil contra os vereadores de Rio Grande da Serra e que paralisou duas comissões processantes que atuavam para cassar o mandato do prefeito Claudinho da Geladeira (PSDB), Gabriel Campagnoli fez delação junto ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo) e confessou que mentiu com a intenção de prejudicar os parlamentares da cidade. Além disso, Campagnoli revelou que agiu a mando do secretário de Governo, Admir Ferro, e que recebeu valores para manter a narrativa.

Conforme documento protocolado junto à promotoria do MP de Rio Grande da Serra, com data de 10 de junho, Gabriel Campagnoli declarou que, após ser exonerado do cargo de chefe de assessoria da Câmara, ficou emocionalmente abalado. Após ser desligado, Gabriel diz que passou a ser procurado por Admir Ferro. Afirmou que o secretário queria entender o motivo da exoneração e perguntou se ele poderia sustentar algumas narrativas com intuito de prejudicar a ação dos vereadores de Rio Grande da Serra.

“Admir perguntou qual seria seu preço e ele (Gabriel) disse que queria trabalhar. Nessa reunião, Admir disse que ele seria chamado na delegacia e ele deveria dizer que dos 17 requerimentos não respondidos pela Prefeitura, cinco haviam sido entregues, e que então, o presidente da Câmara, Charles Fumagalli, pediu para que ele achasse um jeito de fazer com que os 17 pedidos tivessem sido protocolados”, diz a delação de Gabriel Campagnoli junto ao MP.

Claudinho da Geladeira era alvo de duas comissões processantes que miravam derrubar o prefeito. Uma delas foi instaurada exatamente após os parlamentares entenderem que o Executivo tinha que responder os requerimentos de informação queforam protocolados, o que não estava acontecendo. Com a falta de retorno, os vereadores aprovaram comissão que pedia cassação de Claudinho.

O outro bloco apurava caso de fura-fila na vacinação contra a Covid. Com intenção de amenizar a crise política na cidade, Admir Ferro foi incumbido de assumir de a articulação política entre o Executivo e o Legislativo de Rio Grande.
Gabriel Campagnoli, entretanto, sustentou, ao menos durante algum período, que teria adulterado a quantidade de requerimentos, o que abalou a ação das comissões e resultou na ação da polícia nos gabinetes dos vereadores, o que paralisou as ações de impeachment de Claudinho da Geladeira.

Ex-presidente da Câmara, vereador da cidade e presidente de uma das comissões processantes, Claudinho Monteiro (PTC) declarou que vai aguardar a movimentação da Justiça para retomar os trabalhos dos blocos parlamentares na casa.

“Estamos aguardando posicionamento da Justiça para retomar os trabalhos. Creio que a Justiça libere de forma natural a continuação das comissões para seguir com o rito de cotação do impeachment do prefeito Claudinho da Geladeira”, avaliou o parlamentar.
O Diário questionou o Executivo de Rio Grande, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

PIX

O Diário também teve acesso a comprovantes de pagamentos que Admir Ferro teria feito a Campagnoli. Ao todo, o secretário de Governo transferiu R$ 3.153 para o ex-funcionário da Câmara. Os depósitos foram realizados no dias 13,14, 24 e 25 de dezembro do ano passado (veja fac símile acima). Conforme a delação de Campagnoli, Admir teria acertado pagar R$ 4.000 mensais para que o jovem mantivesse a narrativa de que os requerimentos de informação não foram protocolados corretamente. Ainda segundo o documento, o pagamento foi realizado entre os dias 10 e 18 de cada mês, em uma padaria no Riacho Grande, na cidade de São Bernardo.  




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