Colegiado planeja tomar decisão conjunta em reunião entre os prefeitos da região; Diadema vai exigir o item em espaços públicos
As prefeituras da região retomaram o debate sobre a volta do uso de máscara como forma de prevenção a Covid-19 em espaços públicos e privados. A avaliação dos contextos locais da pandemia, que seguem a tendência do Estado de crescimento nos casos positivos e internações por coronavírus, acontece após atualização anunciada terça-feira pelo Comitê Científico de São Paulo, que voltou a recomendar o uso da proteção facial. Desde 17 de março, o uso de máscara no Estado é exigida apenas no transporte público e nos centros médicos.
O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), que também é o presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, convocou assembleia extraordinária na próxima semana para os municípios deliberarem coletivamente sobre possíveis atualizações dos protocolos sanitários contra a Covid. “Santo André segue com a recomendação de uso de máscaras nas escolas e para pessoas que apresentem sintomas de síndromes gripais. Na próxima terça-feira, nos reuniremos em assembleia para avaliar conjuntamente o cenário e decidirmos, de maneira colegiada, pela manutenção ou evolução das medidas preventivas”, declarou o chefe do Executivo andreense.
Diadema deve antecipar as definições com a publicação, nos próximos dias, de decreto municipal que tornará obrigatório o uso de máscaras em espaços públicos e recomendará a utilização do item em empresas privadas. No município, o uso permaneceu obrigatório em escolas, mesmo com a flexibilização das medidas restritivas, além dos serviços de saúde e do transporte público.
De acordo com o boletim epidemiológico sobre casos da doença na cidade, registrados até sexta-feira, o município registra 48.278 casos confirmados. Em maio, foram reportadas 273 novas infecções pelo coronavírus na cidade. As unidades de saúde de Diadema registram 42,9% de taxa de ocupação, sendo 36,3% de enfermaria e 50% de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Durante o mês de maio, oito pacientes foram internados no sistema municipal, entre enfermaria e acomodações de emergência.
O uso da máscara já havia sido recomendado pelas prefeituras de Santo André e de São Bernardo. Para as redes de ensino, o Paço andreense estabeleceu, junto às escolas públicas e particulares, o uso obrigatório da máscara a partir de um caso positivo de coronavírus dentro das unidades, registrados entre alunos ou profissionais da educação.
A Prefeitura de São Bernardo voltou a recomendar a utilização em espaços públicos e privados desde 20 de maio, devido ao aumento de casos de Covid. Desde o início da pandemia, o município registrou 129.430 casos confirmados da doença e 3.628 óbitos. Em maio deste ano, foram 555 novas infecções de Covid-19 em São Bernardo – em abril, foram 1.544 casos confirmados. De 30 de abril a 31 de maio foram confirmados 18 óbitos – o que inclui confirmações de casos anteriores a este período.
Em São Caetano, a utilização da proteção facial segue recomendada para escolas e a todos os servidores públicos durante o período de trabalho. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra aguardam a deliberação regional pelo Consórcio. A Prefeitura de Mauá não respondeu ao questionamento do Diário até o fechamento desta edição.
Em uma semana, entre os dias 25 e 31 de maio, o Grande ABC registrou 2.536 novos casos de Covid-19, aumento de 0,7% do total de 354.131 resultados positivos de coronavírus. O número de pacientes internados também subiu no período, de 131 leitos ocupados para 172, variação de 31,2% em sete dias.
Além de recomendar a volta do uso de máscara facial, o Comitê Científico do Estado solicitou às prefeituras que realizem a busca ativa de adultos que não receberam a segunda e a terceira dose da vacina contra o coronavírus e de idosos que não receberam a quarta dose do imunizante.
Uso da proteção facial é recomendado por especialistas
No topo da lista de medidas para a prevenção da contaminação pelo coronavírus durante toda a pandemia, o uso da máscara pode voltar a ser recomendado em todo o Estado. Cabe aos municípios, no entanto, deliberarem sobre a orientação dada pelo Comitê Científico de São Paulo na terça-feira. As prefeituras podem, inclusive, adotar medidas mais restritivas de segurança e voltar a tornar o uso obrigatório, como já acontece para alguns casos e espaços específicos.
O infectologista e fundador do IBSP (Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente), José Ribamar Branco, avalia que as constantes mudanças de orientações dadas à população podem ser prejudiciais na prevenção do coronavírus, no atual cenário de aumento de casos. “A gestão da pandemia é feita muito sob influência política, e não segue o que a ciência manda. Pedir novamente para as pessoas usarem a máscara em locais fechados, com possibilidade de obrigatoriedade, assim como acontece com o passaporte da vacina, vai ser uma briga, porque a população não deve querer aceitar”, considera o especialista.
Ainda assim, o infectologista ressalta a eficácia do uso da máscara para a prevenção da contaminação pelo vírus. “A recomendação é de uso em 100% das vezes, principalmente para os grupos de risco, aquelas pessoas acima dos 60 anos, para quem tem comorbidades e aqueles que têm doenças imunossupressoras. O mais importante é tornar o uso universal, a máscara prioritária, manter o distanciamento e evitar aglomerações”, concluiu.
A Secretaria de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde, por meio do Comitê Científico do Estado, recomendou a utilização de máscaras em estabelecimentos fechados “sem caráter obrigatório, não modificando a legislação vigente em São Paulo da utilização apenas em ambientes hospitalares e no transporte coletivo”.
O Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid de São Paulo se reuniu ontem para debater o retorno das máscaras em locais fechados e decidiu seguir a recomendação do Estado de uso da proteção, sem obrigatoriedade. O grupo ampliou a sugestão para escolas públicas e privadas como forma de se evitar casos não apenas de Covid, mas outros vírus respiratórios.
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