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Família de ciclista morto em rodovia pede que motorista vá a júri popular

Acidente ocorreu em fevereiro e matou jovem de 23 anos na Índio Tibiriçá; testemunhas alegam que acusado tirava racha e estava a 120 km/h

Por Thainá Lana
Do Diário do Grande ABC
13/05/2022 | 00:01
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Reprodução


“Ele tirou meu filho de mim. Destruiu nossa família e agora vou lutar por justiça.” O desabafo é de Edilsa Sebastiana Borges Ribeiro, 46 anos, que perdeu o filho mais novo, Victor Hugo Ribeiro Gonçalves, 23, em fevereiro deste ano. O jovem foi atropelado enquanto pedalava no acostamento da Rodovia Índio Tibiriçá, em São Bernardo. A família pede que o julgamento do motorista acusado de trafegar em velocidade bem acima da permitida, Lucas Lopes Chaves, seja realizado por júri popular e que o réu responda por homicídio doloso – quando há intenção.

O caso ocorreu em 6 de fevereiro e, segundo depoimento de testemunha na primeira audiência virtual realizada no começo deste mês, o veículo estava em alta velocidade tirando racha com outro carro quando atropelou dois ciclistas, Victor Hugo, que morreu em decorrência do impacto, e outro ciclista, Erivelto Amaral Lopes, que chegou a ser internado em estado grave, mas se recuperou. O motorista está detido em prisão preventiva desde fevereiro no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Mauá. 

Com base nos depoimentos das testemunhas que estavam no local, a mãe da vítima luta para que o réu seja acusado por homicídio doloso, porque, segundo ela, ele assumiu o risco do crime ao transitar pela via em velocidade acima do permitido. “Meu filho foi atropelado às 11h20, em pleno domingo, enquanto pedalava na rodovia pelo acostamento. Fui ao endereço onde meu menino foi morto e exatamente no mesmo local tem uma placa sinalizando que a velocidade permitida é de 40 km/h e, conforme o depoimento das testemunhas, os dois veículos estavam acima de 120 km/h. Não foi acidente, foi imprudência e quero justiça”, declarou Edilsa. 

Além da acusação, a mãe do jovem acredita que, se o caso for avaliado por júri popular, as chances de condenação do réu serão maiores. “Estamos lutando para isso. Depois que meu filho morreu fiquei extremamente depressiva, mas juntei todas as minhas forças para lutar por justiça, não posso deixar que o caso do meu filho caia no esquecimento ou vire estatística. Não quero que outras famílias passem pela mesma coisa que passei”, ressalta a são-bernardense, que utiliza suas redes sociais para falar sobre o caso. 

Edilsa afirma que era a primeira vez do filho pedalando em uma rodovia. De acordo com o CTB (Código de Trânsito Brasileiro), é permitido andar de bicicleta no acostamento. Segundo a mãe, o jovem costumava realizar o percurso de São Caetano a São Bernardo e, após conhecer um grupo de ciclistas nas redes sociais, decidiu arriscar novo trajeto. 

Victor Hugo cursava faculdade de engenharia e deixou a mãe, um irmão mais velho, Jonatha Ribeiro Gonçalves, 27, e a noiva, Vitoria Fernandes, 21, com quem estava de casamento marcado. O casal se conheceu na igreja e estava junto há um ano e sete meses. “Toda festa já estava paga, decoração, espaço, bufê e iríamos começar a pagar nossa lua de mel. O casamento estava marcado para setembro de 2023, porém, o Victor havia me pedido para adiantar para este ano. O motorista tinha consciência do que iria fazer e, mesmo assim, decidiu agir (praticando o racha). Essa atitude destruiu minha vida, do meu noivo e o nosso futuro. Por isso ele tem que ser julgado por júri popular, porque não foi acidente”, finaliza a noiva. 


PROTESTO

Uma semana após o acidente mais de 80 grupos de ciclistas participaram de protesto contra a morte do jovem Victor Hugo. O movimento, chamado de Pedal Protesto, contou com a participação de 2.000 pessoas, que percorreram a Avenida Brigadeiro Faria Lima até a Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo, com bexigas brancas em homenagem ao jovem atropelado. 

Além da passeata, o movimento também instalou no local do acidente uma bicicleta, pintada de branco e com a data de nascimento e de óbito, para homenagear Victor Hugo. 




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