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Andreense denuncia sequestro e roubo
de bebê recém-nascida

Técnica de enfermagem alega que pegou táxi perto de casa após bolsa estourar, deu à luz no automóvel e teve a filha levada; hospital nega gravidez

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
05/05/2022 | 00:01
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Reprodução


A técnica de enfermagem Deise do Espírito Santo, 46 anos, acusa um motorista de táxi e uma mulher não identificada de a terem sequestrado, terem feito o parto de sua filha e levado o bebê, na tarde de terça-feira. Deise estava grávida de 42 semanas quando sentiu a sua bolsa romper, entrou em táxi parado em frente à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Jardim Santo André, perto de onde mora, e pediu para ser levada até o Hospital Christóvão da Gama, na região central de Santo André, onde teria a bebê. Ela afirma que foi sequestrada pela dupla, vendada, deu à luz dentro do veículo e foi abandonada em São Vicente, sem a filha.

Outra filha de Deise, a chapeira Ester do Espírito Santo de Brito, 19, contou que, assim que sentiu a bolsa romper, a mãe ligou para ela e avisou que iria para o hospital. O companheiro de Deise, o autônomo Rodrigo Morais de Oliveira, 38, foi avisado e seguiu até a unidade de saúde. Passado o tempo que a mulher levaria para chegar na maternidade, o homem entrou em contato com as filhas de Deise, porque já não conseguia mais se comunicar com a companheira.

Sem notícias sobre Deise, Oliveira registrou boletim de ocorrência no 5º DP (Distrito Policial) de Santo André, comunicando seu desaparecimento. Por volta de 16h, o namorado recebeu mensagem do celular de Deise, de alguém que não quis se identificar, relatando que encontrou o telefone, cartão e a carteira da mulher em supermercado em São Vicente, no Litoral. Já perto das 19h, Oliveira recebeu ligação de número desconhecido, onde a própria Deise relatou que havia sido sequestrada e levada para São Vicente e abandonada sem a filha. O namorado acionou a polícia, que foi até o local e a conduziu à Maternidade Municipal de São Vicente.

A filha de Deise, Ester, alega que a mãe foi mal atendida na unidade de saúde, que duvidaram da sua história e que nem a medicaram para dor. “Trataram ela como louca, não fizeram nada. Disseram que era gravidez psicológica, sendo que após transferência para hospital em Santo André minha mãe fez ultrassom que localizou restos de placenta no seu útero”, alega. A família foi até São Vicente encontrar Deise e provideciou a transferência para o Hospital Christóvão da Gama, em Santo André, onde a técnica de enfermagem permanecia internada até o fechamento desta edição.

Deise contou que, depois que pegou o táxi, o motorista ficou circulando, chegou a parar em posto de gasolina da Avenida Santos Dumont para abastecer. Andou mais um pouco e parou para que mulher branca, de cabelo escuro e tatuagem de cruz acima da sobrancelha entrasse no veículo. Segundo os familiares, o homem e a mulher tinham um sotaque espanhol.

Em nota, a Prefeitura de São Vicente informou que Deise deu entrada na Maternidade Municipal de São Vicente no dia 3 de maio, às 20h56, acompanhada da Polícia Civil, GCM (Guarda Civil Municipal) e Corpo de Bombeiros. Que a paciente relatou que havia passado por um parto vaginal, há cerca de oito horas, no interior de um veículo, após ter sido vítima de sequestro. Que a mulher teria sido abandonada e o recém-nascido, levado pelo sequestrador.

Segundo nota, no exame físico, a paciente apresentou bom estado geral. No exame ginecológico, apresentou discreto sangramento vaginal, útero pouco aumentado e ausência de lacerações em canal vaginal. Que a equipe da maternidade adotou a conduta de internação para suporte clínico e fez exames. “A paciente recusou a internação e, às 21h30, evadiu-se do local. Às 21h50 retornou à maternidade manifestando concordar com a internação, passando por nova avaliação. Em exame laboratorial realizado na admissão, foi verificado que a paciente não estava grávida. Às 4h23 de quarta-feira, a paciente deixou o local, sem estar de alta médica, acompanhada de familiar, conforme relatório de enfermagem”, informou a nota do hospital.

A Secretaria de Saúde de São Vicente esclareceu que foi realizado exame de sangue para identificar a presença do hormônio HCG, cujo resultado foi negativo. Segundo a pasta, “o hormônio detectado nesse exame pode permanecer presente até 30 dias após o parto”.

A ginecologista e obstetra Naira Scartezzini Senna avaliou que o exame de HCG não é o ideal para identificar se houve gestação, uma vez que esse hormônio tem aumento expressivo no início da gravidez e os níveis vão caindo ao longo dos meses, até o nascimento. Segundo a médica, o exame clínico é que vai identificar se existem restos placentários, lacerações no canal vaginal.

Os familiares de Deise afirmaram que ela foi submetida a curetagem no Christóvão da Gama para remoção de restos placentários. A família enviou ao Diário resultado de ultrassom transvaginal, que aponta “útero anterovertido com forma, contornos e dimensões puerperais”, que, segundo obstetra ouvida pelo Diário, é sugestivo de gravidez. O hospital confirmou que Deise esteve em atendimento, mas alegou que não poderia dar informações sobre a paciente.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que a mulher foi localizada em São Vicente, onde foi registrado boletim de encontro de pessoas na delegacia. Segundo a pasta, o caso é investigado pelo Setor de Homicídios de Santo André e a autoridade policial realiza diligências para esclarecimento dos fatos. Ainda de acordo com a SSP, detalhes serão preservados para garantir autonomia ao trabalho policial.




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