Causou extrema insatisfação nos usuários a notícia de que o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), planeja levar o terminal de ônibus rodoviário do Centro, onde funciona há mais de duas décadas, para o bairro Assunção, totalmente fora de mão para os passageiros, já a partir de quinta-feira. A informação, revelada com exclusividade pelo Diário em sua edição de ontem, caiu como uma bomba sobre a cidade. Embora sem expor o rosto publicamente, como costuma fazer sempre que considera ter boas novas a dar, o tucano reconheceu que a mudança gera incertezas e insatisfações, mas garantiu que a alteração foi precedida de estudo. No entanto, o chefe do Executivo não o divulgou.

“Nenhuma alteração desse nível” – posicionou-se o prefeito em comunicado oficial distribuído à imprensa na tarde de ontem, quando a reportagem do jornal já circulava de mãos em mãos e inflamava os ânimos dos usuários, que utilizaram as redes sociais para manifestar a inconformidade com a decisão – “é pensada sem amplo estudo sobre os deslocamentos dos passageiros”. Não há razão para se duvidar da palavra de Orlando Morando, mas seria importante que ele divulgasse publicamente o tal levantamento que justificou a mudança. Afinal, se a troca de terminal levou em consideração “as demandas dos passageiros e as centenas de usuários” é de se perguntar por que tamanha grita.

A transparência administrativa de São Bernardo, que Orlando Morando apregoa em seus discursos, precisa necessariamente vir acompanhada da prática. Caso contrário, suscita desconfiança. Como pode a mudança das linhas de ônibus rodoviários do Terminal João Setti para o Grande Alvarenga, a uma distância de 20 minutos de carro entre um e outro, gerar tantas reclamações se ela, como assegura o governo, foi baseada na vontade dos próprios usuários? Dadas as manifestações contrárias, a opinião pública parece não estar convencida das melhorias. Há algo de estranho na história, que precisa ser mais bem explicada para a sociedade. Mostre o estudo, sr. prefeito – e também o rosto!