Batata, azeite e azeitona também alimentos tradicionais, registraram aumentos significativos
O bacalhau, um dos alimentos mais tradicionais da Semana Santa, apresentou aumento de 11,5% no preço em comparação a 2021. A pesquisa da Ibre/FGV (Instituto Brasileiro da Economia da Fundação Getulio Vargas) mostra que outros produtos comuns desta época também foram afetados pela inflação. Na lista dos mais caros estão batata (18,43%), sardinha em conserva (16,44%), azeite (15,63%) e azeitona em conserva (14,38%) acompanham o típico peixe da sexta-feira.
“Os preços já estão altos por diversos motivos, como a desvalorização do real, pandemia, problemas logísticos e industriais e fatores climáticos. Tudo isso se soma à demanda da Páscoa. A cultura de comprar peixe e ovos de chocolate muda a preferência dos consumidores. Eles aceitam valores maiores agora e o empresariado sabe disso”, exemplifica o economista Rubens Moura, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
A psicóloga Vitória Dias, 57 anos, moradora do Rudge Ramos, em São Bernardo, ressalta que os costumes dela neste período foram passados pela mãe. “São dias de reflexão e renovação. Não trabalho nem como carne vermelha na Sexta-feira Santa. Ano passado, eu optei pelo bacalhau. Agora, comprei pescado por estar mais acessível”, afirmou.
Segundo Andrea Guerra, professora de gastronomia no CCBS (Centro de Ciências Biológicas e da Saúde) da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a tradição do bacalhau no Brasil está associada ao fato de o País ser uma ex-colônia portuguesa. Já o consumo dele na Sexta-feira Santa e na Páscoa vem do jejum cristão durante o período da quaresma.
Para a aposentada Márcia Serachiani, 62, também do Rudge, o bacalhau é indispensável. “Uma vez por ano eu me dou esse presente.” Nos almoços deste fim de semana, ela cozinhará para oito pessoas e fará arroz, salada e brócolis.
Entre os acompanhamentos, a professora de gastronomia aconselha a compra da batata doce como uma opção mais barata. “A merluza também é uma excelente troca que fica muito interessante no prato da bacalhoada.”
A feirante Jacqueline Make, 46, do Parque das Nações, em Santo André, comenta que as promoções são uma forma de economizar. “Eu pesquiso nos mercados e faço estoque quando encontro algo mais barato.”
Mesmo com as preços, Leandro Primitz, 34, sócio de uma peixaria na Vila Assunção, em São Bernardo, notou acréscimo de 150% nas vendas desta semana em relação à última. “A tilápia e o bacalhau tiveram as altas mais expressivas. Ficaram na média de 10%, mas isso não impediu que os dias aqui ficassem bem corridos”.
FEIRA DO PEIXE
A comercialização de pescados realizada pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) na Semana Santa deste ano já começou e irá até domingo, das 8h às 17h. Uma das feiras está na Avenida da Paz com a Avenida Utinga. Outra fica na Avenida Capitão Mario de Toledo com a Estrada do Pedroso. Nelas, é possível encontrar o bacalhau entre R$ 70 e R$ 100 o quilo.
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