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Gramado em nova fase
10/08/2009 | 07:02
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Gramado estende o tapete vermelho para mais um festival, o de número 37. Quem acompanha o evento de cinema na Serra Gaúcha, que começou ontem, sabe que o glamour do tapete vermelho parecia a própria razão de ser do Festival de Cinema Brasileiro e Latino. O charme continua, mas a nova curadoria de José Carlos Avellar e Sérgio Sanz tenta mudar esse perfil e há três anos Gramado procura ser uma ponta avançada do diálogo entre a produção brasileira e a latina.

Os curadores e organizadores celebram com números a nova fase. Neste ano foram apresentados 85 longas brasileiros à comissão de seleção, o que representa um aumento da oferta de 98% em relação ao ano passado. Nos longas latinos, o crescimento foi de 259% - 43 filmes foram submetidos à apreciação.

São números impressionantes e, por isso mesmo, causa certo estranhamento que entre os longas brasileiros esteja Canção de Baal, obra experimental de Helena Ignez, mas que já integrou a programação do Canal Brasil (além de ter sido exibido no Festival do Rio do ano passado, há quase um ano).

Na mostra latina, estará presente La Teta Asustada, de Claudia Llosa, do Peru, que venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim, em fevereiro, e, no mês passado, participou do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo.

Seis longas brasileiros e cinco latinos participam da competição pelo Kikito, estatueta que representa o deus sol, criada pela artista Elizabeth Rosenfeld. No começo da década de 1990, Gramado abriu-se para a produção latina e ibero-americana. Virou um evento internacional e, desde então, competem os filmes brasileiros e latinos, avaliados por dois júris.

O festival também presta homenagens e, neste ano, o troféu Oscarito será atribuído a Reginaldo Faria. Ator de TV e cinema, Reginaldo participou de obras fundamentais do cinema do País, assinadas por seu irmão Roberto Farias. Cidade Ameaçada, Assalto ao Trem Pagador e Selva Trágica, dos anos 1960, foram um bloco de notável coerência. Os dois também fizeram Pra Frente Brasil, que venceu Gramado, uma obra polêmica por sua denúncia da ditadura militar.

Mas Reginaldo Faria também é diretor de comédias que fizeram história, como Os Paqueras, Pra Quem Fica Tiau e Os Machões, e também do drama Barra Pesada, em que contou a história de Querô, adaptada de Plínio Marcos. Reginaldo foi um dos protagonistas de Memórias Póstumas (de Brás Cubas), que André Klotzel adaptou de Machado de Assis e também venceu o Kikito principal.

Outro prêmio importante, o Kikito de Cristal, será atribuído a Ruy Guerra, nome essencial do Cinema Novo (Os Cafajestes, Os Fuzis).

As homenagens não vão parar por aí. Na quarta, o diretor Walter Lima Jr. leva o troféu Eduardo Abelin de carreira. Na quinta, Xuxa Meneghel, gaúcha, será lembrada pelas autoridades da cidade de Gramado.

O festival segue até sábado e a programação está no site do evento (www.festivaldegramado.net).




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