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Respeitável público, o circo chegou

Moscow estaciona em São Bernardo para curta temporada e apresenta espetáculo inédito no Brasil com show de motociclistas acrobatas

Thaina Lana
Do Diário do Grande ABC
20/03/2022 | 08:37
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André Henriques/DGABC


O tradicional Circo Moscow está em São Bernardo para uma breve temporada de apresentações. O espetáculo, que tem mais de 60 anos de tradição, ficará no estacionamento do Ginásio Poliesportivo, no Parque Anchieta, até o fim de abril e promove um tributo ao empresário Beto Carrero, criador do maior parque temático da América Latina, que fica em Santa Catarina, onde o circo se apresentou por mais de dez anos. Para atrair o público do Grande ABC, a atração oferece a tradicional arte circense de palhaços, mágicos, bailarinas e trapezistas, e ainda apresenta um show de freestyle motocross, inédito no País.

Sobre o picadeiro, os artistas realizam acrobacias no ar em motocicletas e chegam a saltar mais de 20 metros de distância e 10 metros de altura. As apresentações sobre duas rodas também estão presentes em outro conhecido espetáculo: o globo da morte - jaula em forma de esfera de aço na qual motociclistas andam com motos por toda estrutura interna.

Representando a quinta geração de uma família circense, Luis Ayres, 40 anos, faz parte do show de acrobacias com motos. Ele começou como trapezista aos 6 anos, atividade que ainda prática, mas foi em cima de uma motocicleta que encontrou sua verdadeira paixão, assim como seu pai, Djmal Ayres, que também se apresentava no globo da morte. "Quando você nasce no circo tudo começa como uma brincadeira, até descobrir seu dom e seguir o seu caminho. Ser artista circense é muito mágico, quando você passa da cortina para o picadeiro é como se você se transformasse em outra pessoa. Enquanto você está no circo, seja no palco ou na plateia, você sorri e esquece seus problemas", fala orgulhoso Luis Ayres.

A próxima parada do circo será na Capital, ao lado do Sambódromo do Anhembi, por um perío- do de seis meses. Guilherme Palacios, 58, integrante da diretoria e bisneto dos fundadores do circo, explica que São Bernardo foi a segunda cidade a receber a nova temporada do Moscow - antes o show estava no bairro de Itaquera, Zona Leste de São Paulo . "Esse espetáculo é um tributo ao Beto Carrero, uma parceria que sur- giu com a sua afilhada, Virginia Lully, e devido a nossa história com ele também. Pretendemos ain- da rodar o País inteiro com as apresentações, estamos apenas começando", conta Palacios, que ainda ressalta com alegria a recepção do público da região.

"Fomos muito bem recebidos pela Prefeitura de São Bernardo, e o carinho das pessoas tem sido muito acolhedor. Por conta da alta demanda, tive- mos até que abrir uma apresentação extra nas segunda-feiras. É muito bom ver a casa lotada assim, principalmente após tanto tempo parado por conta da pandemia da Covid-19", pontua o diretor.

Jean Carlos Bassani, 28, mais conhecido no universo circense como apresentador Bassani, faz parte da terceira geração de família circense e já atuou como palhaço, trapezista e até mágico. "Quem é artista de circo acaba fazendo um pouco de tudo", explica o apresentador, que também trabalhou por quatro anos como paraquedista do Exército brasileiro. "Você sai do circo, mas o circo não sai de você. Quando comecei a apresentar os espetáculos me encantei. É uma fun- ção muito importante, você anima a plateia e ainda traz o público para perto dos artistas", diz Bassani.

O apresentador conta que já recusou propostas para trabalhar em veículos de comunicação como locutor por conta do amor ao circo. "Gosto de sentir o calor do público. De ver a reação das pessoas durante os espetáculos", complementa. Além da apresentação dos shows, Bassani está se preparando para estrear um número com facas, que é legado da sua família. Ele acredita que a primeira exibição da performance possa acontecer ainda em São Bernardo.

VIDA DE CIRCO

Moscow, antigo circo Sarrasani, foi fundado pela família Palacios, que chegou ao Brasil em 1952 vindos da Bélgica. O negócio continua em família até hoje e é administra- do por três irmãos, Guilherme Palacios, Wili Palacios e Adriana Palacios. Ao todo, o circo conta com cerca de 20 famílias que moram em trailers no local. "É uma casa sobre ro- das, vamos para todos os lados. Já fomos para todas as capitais do Brasil e outras diver- sas cidades, além de passagens pela Argentina e Uruguai", pontua Guilherme.

Morar em trailer e viajar por todo País pode parecer diferente para uns, mas para quem vivencia essa realidade é algo completamen- te comum. O motoqueiro Luis Ayres tem re- sidência fixa n  bairro Bom Pastor, em Santo André, mas conta que não consegue se adaptar a rotina de ficar em só um lugar. "Não consigo ficar muito tempo na minha casa fixa. Essa sempre foi mi- nha vida, não trocaria por nenhuma outra. Você não sente falta do que não conhece", comentou ele, que tem três filhos que moram na Argentina com a ex-mulher.  




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