Setecidades Titulo Diagnóstico
Campanha alerta para os sinais e os
sintomas do mieloma múltiplo

Câncer raro no sangue foi a causa da morte do ex-presidente da FUABC Maurício Mindrisz

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
15/03/2022 | 00:01
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André Henriques/ DGABC


Em dezembro de 2019, o aposentado andreense Marcos Lourenço, 58 anos passou a sentir dor nas costelas e nas costas que o fizeram procurar ortopedista. No mês seguinte, exame apontou quatro costelas quebradas, sem que ele tivesse sofrido queda. Após investigação, ele foi diagnosticado com mieloma múltiplo, câncer hematológico (no sangue) raro. Com objetivo de disseminar informações sobre o tema e auxiliar o diagnóstico precoce, a Abramm (Associação Brasileira de Mieloma Múltiplo), com sede em São Bernardo, realiza a campanha do Março Borgonha, cujo tema este ano é Sinais e Sintomas.

Lourenço foi um dos 24 moradores do Grande ABC que receberam o diagnóstico da doença em 2020, conforme dados do Painel Oncológico do DataSUS, banco de dados do Ministério da Saúde –  veja os casos das cidades de 2017 e 2021 na arte abaixo. A enfermidade vitimou no domingo o ex-presidente da FUABC (Fundação ABC) Mauricio Mindrisz, que atuou como secretário nas gestões petistas de Santo André e São Bernardo. Ele lutava contra o mieloma há dois anos. 

Presidente da Abramm, o advogado Rogério Oliveira, 52, detalha que o objetivo da campanha é alertar para que mais diagnósticos sejam feitos precocemente. “Precisamos falar sobre isso porque ainda se sabe pouco sobre a doença”, alerta.

O mieloma múltiplo é o segundo câncer hematológico mais frequente no mundo. Os sintomas iniciais são dor óssea (que muitas vezes se confundem com dor muscular), anemias, fraqueza e fraturas sem motivos aparentes. A onco-hematologista da Oncoclínicas São Paulo, Mariana Oliveira, explica que o tumor geralmente é diagnosticado após complicações severas, como surgimento de infecções e perda da função renal. 

“Por ter causas desconhecidas, não existem formas comprovadas de prevenção do mieloma, por isso a atenção a qualquer alteração na saúde é uma das principais recomendações para que o diagnóstico aconteça na fase inicial da doença”, afirma. “A detecção precoce é essencial para o sucesso das condutas terapêuticas”, reforça. 

O mieloma ocorre quando os plasmócitos (células do sangue localizados na medula) defeituosos ficam acumulados na medula óssea e as células saudáveis não funcionam. “Além disso, os plasmócitos aglomerados podem formar tumores (plasmocitomas), que podem crescer e invadir os ossos. Os plasmócitos anormais também causam desequilíbrio no metabolismo do osso, levando ao aparecimento de lesões ósseas”, completa Mariana. É como um osso com osteoporose, que mesmo sem trauma pode trincar ou quebrar. 

Em parceria com a ViaMobilidade, concessionária responsável pela operação da Linha 5-Lilás de Metrô, a Abramm realiza até 31 de março, na Estação Eucaliptos, a exposição Março Borgonha, série de painéis com informações sobre a doença, que, apesar de não ter cura, tem tratamento com grandes chances de recuperação. A associação não conseguiu parcerias na região para ações, mas compartilha nas redes sociais vasto material sobre a doença. No Facebook.com/abrammoficial e no Instagram, @abramm_mieloma.

Associação pede que pacientes se cadastrem em banco de dados

Um dos motivos para a criação do Março Borgonha, mês dedicado à conscientização sobre o mieloma múltiplo é a falta de dados sobre a doença. Visando resolver essa questão, desde dezembro de 2021 a Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) realiza pesquisa em que pede que os pacientes em tratamento se cadastrem em seu site pelo link https://pt.surveymonkey.com/r/AbraleMM21

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Para os pacientes do Grande ABC, o tratamento da doença é feito em equipamentos estaduais (apenas São Caetano oferta tratamento na sua rede, dependendo do estágio da doença) e os municípios em sua maioria sequer têm o número de quantos moradores foram diagnosticados.

Apenas São Caetano, Diadema e Mauá informaram dados sobre diagnósticos (relação completa está na arte, com informações do DataSUS). Em todas as cidades, os pacientes são encaminhados via Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) para avaliação e tratamento nas referências de média e alta complexidades.




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