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Grupo se reúne para definir universidade pública do ABC
Rita Camacho, Andrea Catão,
e Gislayne Jacinto
Do Diário do Grande ABC
13/06/2004 | 22:21
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A presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeita de Ribeirão Pires, Maria Inês Soares, se reúne na terça-feira, às 15h, com o grupo que irá definir o perfil da universidade pública da região. “O que houver de consenso será encaminhado, imediatamente, ao governo federal. Não pode passar desta terça-feira, pois queremos vestibular para aulas em 2005”, afirma Inês.

Da pauta do encontro constam a definição das prioridades de curto prazo para iniciar a instalação da universidade e a definição da linha de ação.

Integrantes do grupo ouvidos neste domingo pelo Diário concordam com a escolha de um modelo tecnológico para a universidade, como defendeu o ministro da Educação, Tarso Genro, em entrevista exclusiva ao Diário. Mas o grupo quer também que a universidade do Grande ABC tenha um setor de saúde que atenda às demandas regionais.

A meta de iniciar aulas em 2005 colocada pela prefeita vai ao encontro da expectativa do ministro. Tarso Genro afirma ter ordens expressas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para viabilizar o quanto antes a instituição no Grande ABC. “A determinação do presidente da República é a de que o ritmo que se preste à construção da universidade e de seu funcionamento seja o mais rápido possível”, disse o ministro. Para Genro, “não é impossível ter alguma coisa para o segundo semestre”, mas ele aposta numa universidade com mais força e personalidade a partir do ano que vem.

“É uma meta ousada, mas não é impossível”, disse Cleusa Repulho, secretária de Educação de Santo André, que aprecia o perfil proposto pelo ministro. “Temos hoje em toda a região uma diversidade no setor de serviços que precisa de desenvolvimento tecnológico”, afirmou Cleusa, para quem o mais importante no processo de definição da universidade é a autonomia que o ministro está dando à região.

A secretária de Educação, Cultura e Esportes de Mauá, Lairce Rodrigues de Aguiar, disse que também concorda com a universidade tecnológica. Ela afirmou já ter participado de uma reunião com o ministro, na qual foi explanada tal proposta. “É preciso uma qualificação de mão-de-obra para desenvolver melhor nossa região”, disse Lairce.

Para o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias, pode-se inclusive criar um Pólo Tecnológico em torno da universidade. O modelo tecnológico é comemorado pelo secretário de Educação de Diadema, Carlos Kopcak. “Achamos muito interessante que seja uma faculdade de desenvolvimento de tecnologias”, afirma o secretário, mencionando que em sua cidade gostaria que a universidade fosse parceira, em especial, dos setores plástico e cosmético. “A universidade tem de ter o DNA do ABC nessa questão da tecnologia”, completou.

Ninguém sabe ao certo quantos integram o grupo que definirá a universidade. Em princípio, seriam 16. “Mas está aberto para as lideranças da região que quiserem discutir”, afirma a prefeita Maria Inês. Assim, a prefeita abre um canal para a sociedade civil e os setores produtivos se mobilizarem e interferirem no processo de definição da universidade pública, a primeira para uma população de aproximadamente 2,5 milhões de habitantes e uma reivindicação de mais de 40 anos.

Segundo Maria Inês, já estão garantidos no grupo os secretários municipais de Educação e os presidentes das Câmaras de vereadores das sete cidades da região; o deputado federal Vicente Paulo da Silva (PT), representando a Câmara Federal; e o deputado estadual Orlando Morando (PL), em nome da Assembléia Legislativa. Mas outros interessados têm marcado posição no grupo, como os deputados federais Ivan Valente (PT), Professor Luizinho (PT) e Wagner Rubinelli (PT).

“Defendo que a universidade envolva todas as áreas e não só o ramo tecnológico, educação e serviço social. Ter cursos na área da saúde é essencial. Outro ponto que pretendo discutir é a necessidade de a universidade não manter apenas cursos seqüenciais (que duram em média dois anos), porque seria uma extensão do ensino médio. O Grande ABC não é só montadoras e pólo petroquímico e não é apenas esse mercado que temos de atingir”, disse Valente, que afirmou ter pronto um modelo de universidade a apresentar.

A mesma posição é defendida pelo deputado Rubinelli. “A universidade do Grande ABC tem de seguir o mesmo modelo das instituições públicas do país. Não queremos um quebra-galho. A universidade pode e deve começar grande e ter centros de pesquisa em várias áreas.” 

O deputado Morando disse que tem mais dúvidas do que respostas para o novo modelo. Por isso, afirma que quer garantir a abertura de uma universidade de caráter tecnológico para depois discutir outras propostas.

Uma universidade com campi em mais de uma cidade da região também é consenso entre as lideranças entrevistadas. A descentralização, segundo a presidente do Consórcio, tem apoio de todos os prefeitos. “É preciso buscar espaços diferenciados para o funcionamento. Tem de ser uma universidade aberta para a comunidade, passando não só pela formação acadêmica, mas também pelas pesquisas e pelo fornecimento de trabalho”, afirmou o prefeito de Mauá, Oswaldo Dias. “Mas eu adoraria que a reitoria fosse em Santo André”, afirma a secretária de Educação do município, Cleusa Repulho.




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