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Mentalidade mais do que ultrapassada
Dérek Bittencourt
22/02/2022 | 00:01
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Não tem jeito. Está enraizado na mentalidade do torcedor: dois ou três jogos sem vencer já automaticamente fazem com que os gritos da arquibancada ganhem força, chamando os treinadores de “burro” e pedindo suas saídas. Foi assim, por exemplo, após o empate do Santo André contra a Ferroviária e depois do revés para o Palmeiras, ambos pelo Paulistão: torcedores do Ramalhão pediram a saída de Thiago Carpini. Analisando fria e calmamente, vejo que tais ações da torcida são consequências do calor do momento, da emoção, mas não da razão. Pelo menos não no atual caso ramalhino. Justifico: nos empates contra Mirassol e Ferroviária, e na derrota para o São Paulo, todos estes resultados sofridos nos minutos finais e que custaram cinco preciosos pontos aos planos ramalhinos, foram culpa exclusivamente do comandante ou foram falta de atenção, concentração e equilíbrio emocional dos atletas dentro de campo? Diante da equipe de Araraquara, andreenses reclamaram do recuo excessivo do time. Já no duelo com o Verdão, chiaram sobre as substituições realizadas, já que Carpini priorizou renovar o fôlego do sistema de marcação em vez de colocar o time todo para frente. Oras, em um campeonato como este, tão parelho, o saldo de gols é fundamental. Se fosse goleado no Allianz Parque, hoje o Santo André seria vice-lanterna, mas a derrota magra o deixa em condição ligeiramente superior à da Inter de Limeira. Ou seja, o comandante pode não ter sido ousado, mas não foi burro. Muito pelo contrário. Pensou a longo prazo. E outra, o único nome que vejo com o perfil que agrada o torcedor é o de Sérgio Soares. Mas ele vem realizando grande trabalho à frente da Portuguesa, líder da Série A-2. Tenham paciência, ramalhinos!

MAESTROS DA REGIÃO
Se em outros tempos o jogador que vestia a camisa 10 podia ser chamado de maestro, atualmente, pelo menos na região, os atletas que regem os times vestem a 5 ou a 8, se desdobrando e realizando mais de uma função em campo. Serginho, no Santo André, Rodrigo Souza, no São Bernardo FC, Rodrigo Sam e Caíque, no Água Santa, Gualberto, no São Caetano, e Alê e Feijão, no EC São Bernardo, têm sido responsáveis não apenas pela função à frente da área, na marcação e na tentativa de desarticular o ataque adversário, como também saem para o jogo e se tornam alternativas descentralizadas (ou surpresas) para a armação das equipes do Grande ABC, por vezes chegando perto da meta adversária e arriscando finalizações. São os carregadores de piano, como dizia-se há não muito tempo, fazendo lembrar outros jogadores que passaram por aqui e também tinham tal comportamento, casos de Fernando e Ramalho, ex- Ramalhão, Mineiro e Josué, ex-Azulão, Serginho e Marzagão, ex-Netuno, George, ex-Tigre, entre tantos e tantos outros.

DINHEIRO DE PINGA
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciou na semana passada que repassará R$ 120 mil a cada clube participante da Série D, competição que terá a dupla Santo André e São Bernardo FC. Em entrevista ao Diário, o presidente do Ramalhão, Sidney Riquetto, e o CEO do Tigre, Lucas Andrino, falaram que tal montante é irrisório. E não é que estejam fazendo pouco caso da verba, não. A reclamação faz todo sentido. Apenas como base de comparação, o gasto mensal do Santo André com salário do elenco do Paulistão é de R$ 550 mil. Ou seja, a cota total da competição nacional, que tem duração mínima de quatro meses, equivale a praticamente 1/3 do que os andreenses vêm pagando mensalmente ao grupo para a disputa da elite estadual. Desta maneira, clubes como o próprio Ramalhão acabam utilizando elenco mais modesto no Nacional, para poder arcar com os custos. Não causa espantamento na fala do mandatário ramalhino, que admite uma reformulação total do plantel. O São Bernardo FC destoa um pouco do vizinho por ter o Grupo Magnum por trás, com intenção de entrar na Quarta Divisão do Brasileiro em busca do acesso à Série C. Ainda assim, muitos dos atletas que vêm se destacando no Paulista, como Paulinho Moccelin, Matheus Davó e Silvinho, deverão arrumar as malas assim que encerrada a participação aurinegra na competição. A CBF, que a cada ano deixa a premiação e a cota de participação da Série A mais volumosas – para um grupo de clubes que tem muito mais acesso a patrocínio e outros meios de capitalização –, deveria dar mais atenção a esta camada do futebol brasileiro.

MISSÃO CUMPRIDA
O morador de Santo André e piloto da equipe de bobsled do Brasil Edson Bindilatti alcançou junto dos companheiros da categoria four-man um feito histórico ao País: colocou o time entre os 20 melhores do mundo nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, na China. O atleta, que já havia afirmado que encerraria sua carreira após a Olimpíada chinesa, pode pendurar as sapatilhas com o sentimento de dever cumprido. E com a certeza de que, onde estiver, o amigo e ex-companheiro Odirlei Pessoni, que morreu no fim do ano passado em acidente de moto – caso contrário, estaria presencialmente em Pequim (foi homenageado com foto na lateral do trenó) –, está orgulhoso do colega. A ligação do baiano/andreense com os esportes de gelo, entretanto, deve seguir firme. Afinal, ele encabeça a construção do CT de bobsled em São Caetano. Parabéns e muito obrigado, Edson! 




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