Se o icônico apresentador Milton Neves ainda tivesse seu programa de debate futebolístico na hora do almoço, certamente ele iniciaria ontem segurando um apito gigante com o escudo do Corinthians, o qual ele batizou como “apito-amigo”, em razão dos equívocos da arbitragem que acabavam favorecendo ou beneficiando o Timão, clube grande, de camisa e influência. Isso porque o que aconteceu no Estádio Bruno Daniel no domingo, no jogo entre Santo André x Corinthians, foi um absurdo! O pênalti que o VAR sugeriu ao árbitro Matheus Delgado Candançan marcasse a favor do Alvinegro foi escandaloso! O juiz, em primeiro momento, agiu corretamente ao não assinalar a penalidade – após cruzamento de Gustavo Mosquito, a bola bateu primeiro nas pernas e depois se direcionou ao braço do zagueiro Carlão, que havia dado carrinho na tentativa de impedir a trajetória da pelota. Porém, aqueles que deviam ajudar o homem do apito e que têm à disposição mais de uma dezena de telas e câmeras, decidiram contrariar a opinião da equipe de campo.
Os especialistas em arbitragem que participavam das transmissões tanto na TV fechada quanto no YouTube endossaram a marcação inicial do árbitro, justificando que primeiramente a bola acerta as pernas do atleta ramalhino e, somente depois, consequentemente atinge o braço. Carlão assumiu o risco ao se atirar na trajetória do cruzamento? Concordo. Entretanto, a avaliação de Matheus Candançan e dos conhecedores das regras de nada valeu, já que o VAR (que estava sob tutela de José Claudio Rocha Filho, este que entre 2021 e 2022 esteve à frente do árbitro de vídeo em 22 partidas) acabou sendo soberano e ainda convenceu o jovem juiz a mudar sua definição.
O Ramalhão acabou sendo prejudicado e deixou de somar pelo menos um ponto, o qual seria valioso neste disputado Paulistão. Inclusive, os vizinhos São Bernardo FC e Água Santa também vêm correndo atrás de somar pelo menos 12 pontos nesta primeira fase. Esta é a matemática para que o time permaneça na elite estadual. O Tigre (adversário do Santo André, amanhã à noite, no Brunão), com quatro, já alcançou um terço disso em apenas duas rodadas. Já o Netuno, que hoje encara o Palmeiras, ainda não tem nenhum e já ligou o sinal de alerta. Já os andreenses têm um e só pensam em vencer o dérbi regional para dar alguns passos de encontro a este primeiro objetivo. Passadas as duas primeiras jornadas, arrisco-me a dizer que o trio da região luta contra a degola com Ponte Preta, Novorizontino e Botafogo – mesmo o Pantera tendo vencido o Santos no sábado.
LAMENTÁVEL
Alguns torcedores do Corinthians presentes ao Estádio Bruno Daniel no domingo acharam que seria uma boa ideia protestar contra o preço do ingresso da partida contra o Santo André: R$ 45 meia e R$ 90 inteira. De fato, têm todo o direito disso. Entretanto, não da forma como fizeram. Isso porque, além da faixa com a inscrição “R$ 90 é explorar o torcedor” – que já seria suficiente, na minha opinião –, acenderam sinalizadores, estes que provocaram muita fumaça, e lançaram para o alto alguns foguetes bastante barulhentos, interrompendo o jogo por quatro minutos – como determina a regra. A ideia era justamente chamar atenção para sua demanda, mas utilizaram o método errado para fazê-la. Quem estava daquele lado do estádio, nas cabines e camarotes, não poupou críticas à forma como os corintianos “protestaram”, afinal, tiveram que inalar toda aquela fumaceira. E mesmo quem observava a distância desaprovou a iniciativa, que paralisou a partida – e, convenhamos, em momento que o Ramalhão estava melhor em campo e buscava o empate. Na súmula, o árbitro Matheus Delgado Candançan citou o fato, afirmou que o delegado da partida entrou em contato com o capitão Marotti, da Polícia Militar, que não foram identificados os causadores (se interessar a alguém, nossa equipe de reportagem tem fotos nas quais é possível ver nitidamente) e que nenhum boletim de ocorrência havia sido apresentado. Espero que a situação não traga prejuízos ao Santo André, que os alvinegros sejam responsabilizados e, mais do que isso, penalizados pelos atos.
DETALHES
Algum torcedor andreense percebeu nos calções dos uniformes do Ramalhão um logotipo que remete ao título que a cidade recebeu no fim de 2021, de Capital Sul-Americana do Esporte? Pois é, fruto de parceria entre clube e Prefeitura, a exibição da inscrição é um justo reconhecimento ao município, levado adiante justamente pelo time que leva consigo um brasão muito similar ao da cidade, o qual troca apenas o bordão “Terra Mãe dos Paulistas” por “Esporte Clube Santo André”. Outros detalhes sobre os uniformes são a manutenção do patrocínio da empresa são-caetanense Giuliana Flores e um pequeno deslize da fornecedora de materiais, a Ícone, que ao invés de confeccionar as camisas azuis com golas em azul-marinho, como na ponta das mangas, as produziu em preto, destoando um pouco do que deveria ser. Ainda assim, ficou muito bonito.
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