Expectativa. Por enquanto, é isso que se pode dizer sobre o futuro do terreno em São Bernardo que abrigou a Cia. Vera Cruz, empresa cinematográfica cujo auge de produção deu-se entre os anos 1949 e 1954. A área de 44,3 mil m², que compreende os pavilhões outrora usados como estúdio, um centro cultural inacabado e seu respectivo entorno, tem servido esporadicamente como cenário, mas não de filmagens cinematográficas; os pavilhões continuam a funcionar como sede de eventos como a Feira de Tradições Gaúchas, realizada em outubro.
Aventam-se possibilidades de reocupar os pavilhões com refletores, câmeras e gruas de cinema novamente, conforme a finalidade para qual os projetou o industrial Franco Zampari (1898-1966), fundador da companhia. Uma delas envolve a empresa Scorpion Brasil Productions, contemplada em convênio com a Prefeitura, assinado em fevereiro deste ano, que determina a concessão do espaço para co-produções entre Brasil e Estados Unidos.
Desse modo, os pavilhões poderiam ser adotados para filmagens de alguns longas que atualmente encontram-se em pré-produção. Entre os possíveis filmes, figuram The Girl from Ipanema e The Genesis Code, este inspirado em romance policial de John Case. Em seu site (www.scorpionbrasil.com.br), a Scorpion anuncia como parceiros as produtoras norte-americanas Alpine Pictures e Box Office Productions, responsáveis pelo inédito Além da Conta, dirigido por Elliott Lester e roteirizado por Wesley Strick (de Cabo do Medo). Afirma, também no endereço eletrônico, confiar no cinema como "atividade rentável" e no Brasil como pólo cinematográfico. De fato, no entanto, nada aconteceu.
A idéia de concessão do espaço é parte de um ambicioso plano da Prefeitura de São Bernardo, informalmente chamado de "Projetão" e que consistiria na aglutinação dos terrenos antes pertencentes à Cia. Vera Cruz mais os da Faculdade de Direito de São Bernardo, da Cidade da Criança e do Fórum desativado. Juntas, as áreas constituíram um pólo de atividades culturais com hotel, centro cultural, parque temático e estúdios de cinema.
Caso não vingue o tal "Projetão", uma iniciativa viável somente a longo prazo, ou mesmo as co-produções São Bernardo-Hollywood, os pavilhões ainda assim podem ter de volta, por breves momentos, a rotina das filmagens. Para lá pode seguir a equipe do seriado de TV baseado em Carandiru, longa de Hector Babenco adaptado do livro de Dráuzio Varella, a ser feito em parceria pela Rede Globo e pela HB Produções. Parte do filme de Babenco foi rodado em 2002 nos mesmos pavilhões que são candidatos a abrigar gravações da série com exibição prevista para 2005.
São episódios ainda a ser escritos de um drama que já passou por falências e frustrações como a que resultou do convênio Nova Vera Cruz, abortado em 2003 e que previa a construção de um memorial, de um centro cultural e de um espaço de formação técnica, bancados pela Prefeitura, pelo Governo do Estado e pela Fundação Padre Anchieta. Uma novela comparável a Redenção, o interminável folhetim da TV Excelsior dos anos 1960, com seus 596 capítulos.
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