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‘Morando pode ser candidato a vice de Rodrigo Garcia’
Sérgio Vieira
Da Redação
13/12/2021 | 08:09
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Divulgação


O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), tem grandes chances de ser candidato a vice-governador na chapa de Rodrigo Garcia (PSDB), na eleição do ano que vem. A avaliação é de Wilson Pedroso, secretário-particular do governador João Doria (PSDB) e coordenador do tucano nas prévias presidenciais e nas eleições a prefeito e governador. “Se enterdermos que nosso principal adversário em São Paulo será o PT, Orlando é uma grande opção, já que ele venceu duas vezes o partido em São Bernardo”.

Wilsinho, como é conhecido no meio político, também disse acreditar em um segundo turno entre Doria e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O assessor direto do atual governador afirmou que o PSDB ainda vai fazer todo o possível para manter no partido o ex-governador Geraldo Alckmin, hoje cotado como vice de Lula. “Ele pode ser nosso candidato a senador.”

Qual a grande diferença dessas prévias em relação às duas anteriores (a prefeito e governador)?
A distância. É tudo muito longe, culturas diferentes. Na política ainda é muito importante o aperto de mão, o contato pessoal e visual. Durante quatro meses estivemos em 21 estados. Aproveitamos as prévias também para saber como eram as economias locais, informações sobre emprego. Esses dados vão contribuir com o nosso plano de governo e entender a realidade onde o governo federal pode ajudar e atrapalhar menos.

Mas não foi a mais tensa?
Eleição normal é muito mais tensa, muito mais nervosa, mais briguenta. No caso das prévias, a briga é mais interna. É como um jogo de futebol entre amigos, que durante a partida tem algumas cotoveladas e caneladas, mas no final está todo mundo comendo churrasco e bebendo cerveja. Nas prévias conheci a equipe do governador Eduardo Leite e a gente teve uma ótima relação. Estive na semana passada em Porto Alegre justamente para mostrar que as prévias unem e não dividem. Qual partido teve esse movimento de conversar sobre política? A um ano da eleição, já estamos falando de candidatura e mostramos nossa capacidade de mobilização e de organização. No fim, vencemos as prévias e João Doria é o candidato do PSDB a presidente da República.

Dá para consertar as fissuras que ficaram abertas no partido, principalmente no Rio Grande do Sul?
Não há fissura. Inclusive o governador Doria recebeu o Eduardo no Palácio dos Bandeirantes. Muita gente acha que qualquer divergência de opinião é atrito. Na verdade, o João Doria pensa de um jeito e o Eduardo Leite pensa de outro. E isso é natural. Nas prévias para a prefeitura de São Paulo (em 2016), o Bruno Covas (que morreu em maio) foi nosso adversário e depois virou o vice-prefeito. As prévias do PSDB unem e não dividem.

O Eduardo Leite vai participar de alguma forma da campanha de Doria?
O Eduardo tem capacidade de nos ajudar em qualquer matéria, mas é uma decisão de foro íntimo. Doria já sinalizou que gostaria que ele tivesse próximo. Aí escolhe a melhor forma de colaborar. É uma liderança importante do PSDB que pode colaborar como quiser.

Doria também se encontrou com Sergio Moro recentemente. A conversa girou em torno da construção de uma unidade?
Agora não é momento de decisão. O momento é de diálogo com a terceira via. Estive recentemente com o Baleia Rossi (presidente nacional do MDB). O partido lançou a Simone Tebet, o Podemos lançou o Sergio Moro. Entendo que a terceira via tem de manter o diálogo e ficar muito próximo. Há chance de aliança com a Simone, com o Moro, com o Luiz Henrique Mandetta. Todos precisarão ter a capacidade de enxergar qual é o melhor caminho para 2022.

Doria estaria disposto então a ceder o lugar para outro nome?
A decisão é em 2022. Tudo que for falado agora é prematuro. Agora não dá para saber se alguém vai abrir mão ou se vão todos para a disputa. Agora realmente o momento é de diálogo.

Qual deve ser a principal vitrine de campanha de Doria?
Economia e emprego. É lógico que vacina será nossa porta de entrada, porque ela está dentro das casas das pessoas. Será para nós o que o Plano Real representou para o Fernando Henrique Cardoso. Mas a gente acredita que a principal pauta do ano que vem será economia e emprego. Já estamos com um time organizado, coordenado por Henrique Meirelles.

O que exatamente será proposto na campanha em economia e emprego?
Geração de emprego, diminuição de impostos, investimentos externos. Na semana passada, o governador Doria foi a Nova York inaugurar o escritório de negócios de São Paulo. As pessoas querem entender a segurança jurídica, o que tem de infraestrutura do País para atender a demanda deles. Conseguimos atrair muitos investimentos para São Paulo, muito também com a ajuda do vice-governador Rodrigo Garcia, um grande gestor, uma grande político, que é o nosso CEO. Mérito dos dois.

Por que então esse protagonismo de Doria ainda não se refletiu em números nas pesquisas?
Porque as pessoas ainda não estão atentas às eleições. A disputa é só em 2022. Quando começou a eleição para prefeito, João Doria tinha 1%, e no fim ganhamos no primeiro turno. E a virada aconteceu nos últimos 20 dias. Na época, nenhuma pesquisa tinha dado número suficiente para que a gente ganhasse no primeiro turno. A eleição de 2022 será a mesma coisa. As pessoas vão começar a prestar atenção quando começar o horário eleitoral. Nos últimos dias vão decidir seu voto e vão decidir pela terceira via.

No segundo turno só cabem dois. Quem vai, na sua opinião?
Lula e João Doria.

Doria, então, tiraria Bolsonaro do segundo turno?
Sim. As pessoas ficaram decepcionadas com o voto dado a ele, não só pela figura negacionista, mas também pelo que prometeu durante a campanha. Ele prometeu um país mais justo, com reforma administrativa, com privatizações, e não fez nada. Pergunta para o empresariado o que ele fez. Não teve incentivo nenhum para o agronegócio, nenhum apoio para a classe média. É por isso que as pessoas não vão votar nele. Não pela pessoa tosca que ele é, mas pela incapacidade de fazer o que ele prometeu na campanha.

E como vocês vão explicar para o eleitorado o BolsoDoria de 2018?
Da mesma forma que, em algum momento, as pessoas acharam que ele era a melhor alternativa. Eu votei no Bolsonaro porque ele representava o antipetismo. Muitas pessoas votaram nele porque não queriam o PT no poder. Mas hoje as pessoas estão arrependidas de terem votado em Bolsonaro.

O que pode significar para o PSDB a saída de Geraldo Alckmin e a possibilidade de ser o vice de Lula?
Eu sou um dos que, junto com o governador João Doria e com o vice-governador Rodrigo Garcia, estão insistindo na possibilidade dele ficar no partido e ser nosso candidato a senador. Eu não vejo o governador Alckmin, com toda a história dele de batalhas em eleições inclusive contra o PT, nosso maior adversário, longe do PSDB e fazendo chapa com o Lula. E nem o vejo longe do PSDB disputando o governo do Estado.

E o que precisa para que ele fique?
Que ele diga sim.

E para ele dizer sim?
Convite já tem. Conversei com o Paulo Alexandre Barbosa (ex-prefeito de Santos), com o Orlando Morando (prefeito de São Bernardo) para que também falassem. O PSDB sempre tratou com o fato de que quem estivesse na cadeira como governador seria o candidato. O Rodrigo Garcia vai assumir em abril e ainda assim abrimos prévias. Ele foi o único inscrito e acabou sendo aclamado pela executiva estadual. E poucas vezes eu vi alguém com tamanha capacidade de articulação política e de gestão como o Rodrigo. Vai ser um grande governador. E, com a vitória do Doria para presidente, Alckmin poderia ser uma opção para a presidência do Senado. São oito anos de mandato e é possível pensar em outros caminhos nesse período. Não é pouca coisa.

Você coordenou também as duas campanhas anteriores de Doria. Vai ocupar a mesma função agora?
Agora é um outro caminho. Continuo colaborando e já fizemos até organograma da campanha. Tem a campanha dele e a do Rodrigo, que a gente precisa ter atenção também. Nos próximos meses a gente vai enxergando onde cada um pode colaborar. Eu sou um soldado.

Como você avalia a participação do prefeito Orlando Morando nas prévias e qual deve ser a participação dele na campanha?

O Orlando tem sido um aliado de primeira hora desde que o Doria disputou a prefeitura. Ele sempre se colocou nos momentos em que a gente mais precisou. Muitas vezes, não precisou nem ser convocado. Ele sempre cumpriu a missão e tem sido um grande aliado. Tem muita gente que nos ajuda, mas poucas como o Orlando. Espero que ele continue nos ajudando tanto na eleição do Rodrigo Garcia quanto na do João Doria. Sem a gente até pedir, ele se coloca à disposição. Eu não vejo a gente fazendo campanha sem a ajuda do prefeito Orlando Morando.

Ele poderá ser um dos coordenadores?
Pode ser sim. Cada um tem uma atuação em alguma área. Ele vai bem com os parlamentares, com prefeitos. De repente ele pode ser um articulador com prefeitos fora do Estado, não precisa necessariamente ficar localizado em São Paulo. E sei que ele vai aceitar qualquer que seja a missão. Ele vai estar com certeza na coordenação. Estará no time da campanha.

O nome de Orlando Morando tem surgido forte como opção para candidato a vice-governador na chapa de Rodrigo Garcia. Essa possibilidade existe?
Essa decisão será mais para frente, mas o Orlando venceu duas eleições em uma cidade (São Bernardo) que sempre foi celeiro do PT. Se o PT for nosso principal adversário, ele com certeza será um nome lembrado para a condição de vice-governador. Ele sempre foi um grande aliado e pode ser sim candidato a vice-governador. Gosto muito do Orlando.

O prefeito de Santo André, Paulo Serra, esteve com Eduardo Leite nas prévias. Pretende conversar com ele?
Ele fez uma escolha diferente do que a maioria dos prefeitos de São Paulo. As prévias representam um importante momento democrático do partido. E eu respeito isso. Ele não me procurou para explicar as razões, então não sei avaliar se ele vai estar conosco. Mas ele sempre foi meu amigo. O conheço há muitos anos. Espero que, passadas as prévias, ele faça o que muitos estão fazendo, que é compreender que o candidato do PSDB é o João Doria. Vou procurá-lo para conversar.

De que forma o Grande ABC pode ser contemplado no plano de governo de Doria?
O Grande ABC sempre foi um polo importante de indústria, de fomento. Eu trabalhei na EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo), conheço muito bem o Grande ABC. Vai ser um polo importante de informação e articulação, que sempre foi em todas as eleições. E tem grandes líderes políticos, como o Orlando Morando, o Paulo Serra e o José Auricchio Júnior (ex-prefeito de São Caetano). Para nós, é muito importante o Grande ABC.

RAIO X

Nome: Wilson Pedroso
Idade: 47 anos
Local de nascimento: São Paulo-SP
Formação: Direito
Hobby: jogar tênis
Local predileto: Parque do Ibirapuera
Livro que recomenda:Uma terra prometida, de Barack Obama 
Profissão: gestor público
Onde trabalha: Palácio dos Bandeirantes




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