Palavra do Leitor Titulo Editorial
Cidades mais humanas
Do Diário do Grande ABC
07/12/2021 | 00:21
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O primeiro efeito da denúncia feita pelo padre Júlio Lancellotti de que blocos de pedras foram colocados em igreja de Ribeirão Pires para impedir que moradores de rua se abriguem durante a noite, por meio de suas redes sociais, foi revelar a existência da palavra aporofobia. Termo que significa preconceito contra pessoas em situação de vulnerabilidade.


As imagens, que ontem foram comprovadas in-loco pela equipe de reportagem deste Diário, revelam bem mais que isso. Mostram que a hostilidade pode aparecer nos locais mais improváveis. É preciso lembrar que no dia 15 de novembro houve cerimônias em todas as paróquias do Grande ABC por ocasião do Dia dos Pobres, que foi implementado pelo papa Francisco justamente para socorrer os mais necessitados.


O bispo de Santo André, dom Pedro Carlos Cipollini, disse desconhecer o fato e que, se for verdade, “é lastimável”, pois a igreja deve acolher. O padre responsável pelo templo católico, Leandro Alves, afirmou que os obstáculos já estavam lá quando assumiu a igreja, em outubro, e que irá conversar com a comunidade sobre a necessidade de removê-los caso as pedras tenham se tornado um “símbolo de ofensa às pessoas em situação de rua”.


Muito provavelmente o padre Leandro não tenha responsabilidade pela instalação dos obstáculos. Ao bispo, também cabe o direito da dúvida, visto que ele tem obrigação de cuidar das paróquias, igrejas e santuários das sete cidades e por inúmeras vezes manifestou-se em favor dos menos assistidos.


Resta saber qual será o próximo passo. As providências que serão tomadas. As pedras existem e foram colocadas ali por alguém. Será que irão permanecer?


É fato que o portão da paróquia Sant’Anna não é o único ponto do Grande ABC onde há esse tipo de barreira aos sem-teto. Porém, pode ser o primeiro a ser retirado. Seria um grande indicativo de que é perfeitamente possível a construção de cidades mais humanas. 




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