A cineasta andreense Eliane Caffé mostrará no Festival Internacional de Cinema de Roterdã seu segundo longa, Os Narradores de Javé, segunda parceria da diretora com o roteirista Luís Alberto de Abreu – a primeira foi Kenoma. A diretora embarcou sábado para a Holanda para acertar detalhes da participação desta comédia dramática na mostra competitiva, de 22 de janeiro a 3 de fevereiro de 2003.

A primeira cópia do filme em película fica pronta só na primeira quinzena de janeiro. O Festival de Berlim, ou Berlinale, na Alemanha é outro destino possível do filme em fevereiro.

“Ficamos de receber resposta de Berlim na semana que vem. Participar de festivais antes de estrear nos cinemas é uma maneira de sentir o filme, de ver como ele se sai com público de outra cultura”, afirma Eliane. Todo rodado no sertão da Bahia, o filme trata de contadores de histórias. Encabeçam o elenco José Dumont, Matheus Nachtergaele e Nelson Xavier.

Em Kenoma, a seca do Nordeste moldava o cenário para a história do artesão que queria criar uma máquina auto-suficiente em energia (moto-perpétuo) para produzir alimentos. Em Narradores, a abundância de água provoca a história.

No povoado de Javé a tradição oral é parte da vida de seus moradores, semi-analfabetos que transmitem hábitos e costumes de geração para geração. De repente, a construção de uma represa ameaça esse estilo de vida. Cientes de que sua cidade e região será inundada pelas águas, essas pessoas narram suas histórias, mitos e lendas para Antonio Biá (Dumont). O trabalho deste escriba é escolher, entre as versões de uma mesma história, qual delas será transcrita em um livro e qual narrador garantirá um lugar para a posteridade.

No elenco estão Dirce Migliaccio, Gero Camilo, e moradores das cidades baianas Gameleira da Lapa, na região do rio São Francisco, e Lençóis, na Chapada Diamantina, cenários do filme.