Não há como questionar a importância de região cuja produção industrial representa a segunda do Estado de São Paulo e a terceira do País, e cujo produto interno bruto, da ordem de R$ 115 bilhões, a colocaria como, se fosse município, a quarta maior cidade do país. Este é o nosso Grande ABC, um dos motores do nosso Estado. Neste sentido, após pandemia que, em face de atabalhoada gestão econômica por parte dos governadores, nos empurrou para coma econômico induzido, resultando em completo esfacelamento das estruturas microeconômicas, que levou milhares de paulistas a fechar seus negócios, à perda de emprego, ao subemprego e até mesmo à miséria, devemos pensar seriamente como, a partir de nossa região, iremos liderar a recuperação econômica de forma a apontar para rota da prosperidade.
Não é tarefa fácil. Há anos, em face da desastrosa ausência de visão de pais, as políticas adotadas de crescimento que separam a visão educacional da perspectiva de Nação têm nos empurrado para o que se chama de ‘economia das quentinhas’, ou seja, a fabricação de produtos que possuem baixo valor agregado e, portanto, produzem apertadas margem de ganhos. Nossa produção nacional apresenta diferenciais reais apenas nos setores agropecuário, petrolífero, aeronáutico e de commodities metálicas. Coloque agora essa perspectiva constante no tempo, círculo vicioso, onde a cada ano ficamos mais atrás em relação à produção mundial. É cenário sombrio, não estranhe o valor do dólar, não temos competitividade em relação ao mundo.
Trata-se de questão complexa, não no sentido de difícil, mas no sentido etimológico, onde complexus significa tecido em conjunto, ou seja, rede onde um nó tem implicações e consequências em outro espaço da rede, pois o problema econômico, nossa falta de competividade está diretamente relacionada ao nosso sucateamento educacional, que não se refere ao investimento escolar diretamente, mas à má qualidade de ideias, à qualidade do currículo, à inexistência da mínima formação de professores e aos métodos pedagógicos que resultaram na formação de massa de analfabetos funcionais, de administrados que são incapazes de formar e refletir sobre conceitos, gerando o maior desperdício que a sociedade pode fazer, o desperdício de inteligência, nos colocando incapazes de competir internacionalmente e nos aprisionando em modelo econômico de subsistência e baixo valor agregado. O Grande ABC pode ser símbolo desse renascimento, educacional e econômico, pois tem em seu nome a representação dos dois lados dessa mesma moeda, devendo reformular a educação para preparar geração capaz de enfrentar os dilemas que se agigantam fazendo valer o lema do brasão de nosso Estado.
Arthur Machado é empresário do setor da educação, MBA em finanças e fundador da Associação Semeadora.
PALAVRA DO LEITOR
Viaduto – 1
Guardo toda administração pelo meu saudoso amigo Antonio Possidônio Sampaio, merecedor de toda homenagem (Política, dia 23). Surpreendem-me, porém, as missivas atribuindo ao marechal Humberto de Alencar Castelo Branco todos os males da ditadura militar. Gente nova não viveu a ameaça comunista nem os abusos dos sindicatos e a carestia que vivemos em 1963. Não partiu dele o AI-5. Quem viveu nos anos 1960 não ignora quanto devemos ao governo Castelo Branco. Muita modernização, como a instituição do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, a extensão dos direitos trabalhistas aos trabalhadores do campo, a criação do BNH (Banco Nacional da Habitação) e do Branco Central. Novo código da propriedade industrial. Extinção dos órgãos controladores de preços e, para não me estender mais, o código tributário nacional com a taxa rodoviária única e a isenção de impostos para tratores, caminhões, ônibus, ambulâncias e transferência de fábricas completas para o Brasil, fonte do sucesso e modernização da agroindústria, nossa salvação nos dias atuais. Pena que o BNH não seja mais aquele nem o código tributário, lamentavelmente alterados, na minha opinião, para pior.
Nevino Antonio Rocco
São Bernardo
Viaduto – 2
Ainda sobre o projeto de lei do vereador Ricardo Alvarez substituindo o nome do Viaduto Castelo Branco pelo de Antonio Possidonio Sampaio, em uma de suas obras, Sim Sinhor, Inhor Sim, Pois não..., o romance alcança a dimensão universal. A agonia ética de Possidonio o aproxima de Sartre, ao viver o processo de náusea, segundo a qual o homem vive em situação de angústia que o leva à beira da desintegração. Ele se sente tragado pela podridão do regime. Mas a náusea é redentora porque provoca a coragem de rebelar-se e instiga a reflexão. As personagens reagem à violência do regime. ‘Ditadores! Criminosos!’ Possidonio, como os demais cidadãos esclarecidos, vivia a crise de consciência nacional, provocada pelo anti-humanismo do regime. Por estes motivos é justa a homenagem que se presta ao Antonio Possidonio Sampaio.
Alexandre Takara
Santo André
João Doria
O servidor público de São Paulo não tem motivo nenhum para comemorar esta data. Graças a João Doria, um dos piores governadores da história do Estado, esses trabalhadores perderam os já mirrados direitos que tinham há décadas. Insanamente, o tucano criou o Projeto de Lei Complementar 26/2021, que praticamente acaba com todos os direitos dos funcionários estaduais. Liderados pelo inimigo dos servidores, o deputado Campos Machado, 50 parlamentares aprovaram essa ridícula medida. Vale lembrar que os servidores de São Paulo não obtiveram um único centavo de reposição de perdas salariais durante toda a gestão Doria. O auxílio-alimentação é piada e não condiz com a realidade desses pobres trabalhadores. Qual a desculpa de Doria para tamanho descaso? Por que esse asco com quem carrega este Estado nas costas e são os responsáveis pelo bom funcionamento do mesmo? Por que esse salário tão miserável?
Isabel Monteiro Rocha
Santo André
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.