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Sem salário, funcionários de escolas estaduais cruzam os braços

Profissionais da área da limpeza atuam em terceirizada; pagamentos foram feitos ontem

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
15/10/2021 | 05:23
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Divulgação


Funcionários terceirizados das empresas Destake Serviços, Shalom, Top Service e Clarifito, que atuam na limpeza de escolas estaduais em cidades do Grande ABC cruzaram os braços por um dia depois de não receberem salários nem benefícios como vale-refeição e vale-transporte. De acordo com apuração do Diário, a paralisação começou na quarta-feira e os trabalhadores só voltaram ao seus postos ontem à tarde, quando os vencimentos começaram a ser quitados.
O protesto dos colaboradores impactou diretamente no funcionamento das escolas estaduais. Em Mauá, as unidades da rede dispensaram os alunos na quarta-feira. Devido a pandemia da Covid, a presença nos colégios estaduais é facultativa até segunda-feira.

Outras cidades também foram atingidas pelas manifestações. Em São Bernardo, por exemplo, funcionários da Destake Serviços realizaram manifestação em frente à diretoria regional de ensino da cidade. Cerca de 100 colaboradores se reuniram no local empunhando faixas e requerendo o pagamento dos benefícios salariais.

De acordo com relatos de funcionários que não quiseram se identificar por medo de represálias, as quatro empresas pertencem ao mesmo dono. Uma das trabalhadoras disse que a falta de pagamento dificultou a atuação dos colaboradores nas escolas, principalmente nos colégios que ficam em Mauá. A profissional confirmou que a empresa começou a realizar os depósitos na tarde de ontem. “As escolas de Mauá não funcionaram porque não havia funcionários para realizar a limpeza. Na verdade, não há nem material bastante para limpar as salas”, declarou a funcionária.

O problema de falta de funcionários de limpeza nas escolas do Estado na região surge no momento em que o secretário de Educação do Estado de São Paulo, Rossieli Soares, obrigou os alunos das escolas estaduais a retornarem às aulas de forma presencial na segunda-feira (leia mais ao lado).
Integrantes da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) demonstraram preocupação com a possibilidade de faltar funcionários para manter a limpeza das escolas em plena pandemia do novo coronavírus e com o retorno presencial dos alunos.

Procurada, a Destake Serviços não se pronunciou. As outras três empresas não foram localizadas. O Diário questionou a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, mas a pasta também não respondeu quais providências estavam sendo tomadas até o fechamento desta edição.

VOLTA PRESENCIAL

Duas cidades do Grande ABC, Mauá e Rio Grande da Serra, vão contrariar a determinação do Estado sobre o retorno dos alunos às escola municipais na segunda-feira e não estipularam data para que isso ocorra. Diadema deverá anunciar posição sobre o tema amanhã, enquanto São Caetano e Ribeirão Pires não se pronunciaram. Santo André e São Bernardo seguirão a orientação do governo do Estado e os alunos das escolas públicas e privadas vão retornar integralmente às aulas.

Diadema publicou ontem portaria que prevê retorno de 100% dos alunos no dia 25 de outubro. Atualmente, o município tem mantido estudo presencial para 50% dos estudantes.

O retorno às aulas presenciais é considerado adequado e até atrasado por especialistas em educação e saúde. “Precisamos resgatar as atividades escolares, não só pela questão acadêmica como pelo papel social da educação. Mas é necessário continuar usando máscara, não compartilhar objetos pessoais, lavar as mãos com frequência e tentar manter algum distanciamento", afirma Chrystina Barros, pesquisadora em Saúde do Centro de Estudos em Gestão de Serviços de Saúde da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). 

Sem espaço, só 25% dos colégios do Estado terão retorno integral

A maior parte das escolas da rede pública do Estado de São Paulo só voltará a funcionar com 100% dos alunos em sistema presencial a partir do dia 3 de novembro. 

Segundo a Seduc (Secretaria da Educação do Estado de São Paulo), 3.879 escolas, ou 75% de um total 5.130, não têm espaço físico nas salas de aulas para que haja distanciamento mínimo de 1 metro entre os alunos, como determina decisão governo do Estado. Nessas unidades, até o próximo dia 3 – quando o distanciamento de um metro deixará de ser exigido – haverá rodízio presencial entre os estudantes.

Na quarta-feira, o governador do Estado, João Doria (PSDB), anunciou que, a partir de segunda-feira as aulas presenciais na rede pública serão obrigatórias. No entanto, apenas 25% das escolas estaduais conseguirão alocar presencialmente 100% dos alunos.

Desde o dia 2 de agosto, as escolas estaduais, particulares e municipais do Estado estavam autorizadas a retomar aulas presenciais, podendo atender até 100% dos alunos, mas a presença não era obrigatória.

A determinação de volta às aulas presenciais em São Paulo foi criticada pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). Presidente da organização e deputada estadual pelo PT, Bebel Noronha chamou a decisão de “irresponsável”. Ela defendeu que o comparecimento às aulas presenciais deveria ser facultativo até o fim do ano. “Acredito que não há ainda um preparo nas estruturas físicas das escolas”, argumentou. “Por que não esperar um grau de segurança maior?”

Presidente da Fepesp (Federação dos Professores do Estado), Celso Napolitano lembra que quase a totalidade dos docentes retornou à atividade presencial e que há poucos relatos de desrespeito a protocolos. Ele entende que o anúncio do Estado é apressado, devido à necessidade das famílias de se reorganizarem. (das Agências)




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