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Região tem 1.819 orelhões

Telefones públicos tem média de uma ligação efetuada a cada 14 dias; utilização depende de cartão com créditos

Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
11/10/2021 | 00:01
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Claudinei Plaza/ DGABC


Você pode não acreditar ou até não perceber que eles estão por aí, mas em todo o Grande ABC é possível encontrar 1.819 orelhões – como são chamados os telefones públicos – espalhados em todas as sete cidades. 

Imprescindível para a comunicação entre as pessoas até o início dos anos 2000, o orelhão deixou de ser importante para conectar pessoas com o surgimento dos smartphones, cada vez com mais tecnologia e recursos incluídos, e a popularização da internet. 

No Grande ABC, a CTBC (Companhia Telefônica da Borda do Campo) se tornou apenas memória na mente do morador da região e os antigos orelhões amarelos com o logotipo da empresa deram lugar a equipamentos mais discretos, que eram mantidos pela também extinta Telefônica. Hoje, os aparelhos públicos são administrados pela empresa Vivo, que também mantém telefonia móvel, internet e TV por assinatura no País.

O Diário questionou a Vivo sobre qual é a situação dos orelhões nas cidades do Grande ABC, além de perguntar sobre o prédio da antiga CTBC, que fica em plena Avenida Portugal, no Centro de Santo André, um dos cartões-postais da cidade (leia mais abaixo).

A Vivo informou que todos os orelhões espalhados pelas sete cidades do Grande ABC seguem ativos, mas que a demanda caiu vertiginosamente devido a expansão da internet 4G e da telefonia móvel. Para se ter uma ideia de como o orelhão se tornou obsoleto, a empresa afirmou que no período de janeiro a agosto de 2021 os telefones públicos do Estado de São Paulo tiveram, em média, utilização de um crédito a cada 14 dias, sendo que mais da metade sequer foram utilizados pela população. “Neste sentido, observa-se que só no último ano o uso caiu mais de 50%, mostrando o desinteresse pelo serviço”, declarou a empresa de telefonia.

Além de o fato de que no Brasil existem dois celulares para cada habitante, de acordo com pesquisa recente da FGV (Fundação Getúlio Vargas), utilizar os orelhões é tarefa das mais complicadas. Parte não completa a ligação e nos que estão ativos é necessário a utilização de um cartão com créditos para fazer a ligação. Segundo a Vivo, esse cartão ainda é vendido em 20 mil pontos no Estado de São Paulo entre padarias, supermercados, farmácias, bancas de jornal, shoppings e agência dos Correios, mas diante da pouca procura é quase impossível achar um ponto comercial que ainda disponibiliza o item. O cartão mais básico, com 20 créditos que é capaz de realizar até 40 minutos de ligações locais, custa R$ 2,65. A opção mais completa custa R$ 9,78 e dá direito a 150 minutos de ligações locais. Também é possível realizar chamadas a cobrar para telefones fixos e celulares, além de acionar gratuitamente os serviços de emergências como o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e a Polícia Militar. 

Outro fator que colabora com o sumiço dos orelhões das cidades é um decreto publicado pelo governo federal no fim de 2018 e que liberou as concessionárias de telefonia da obrigação de investir nos equipamentos públicos, para que, em troca, levassem sinal de celular 4G a áreas isoladas e carentes em todo o Brasil. 

Apesar de sumindo aos poucos, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) diz que os orelhões vão continuar existindo em locais estratégicos como delegacias, hospitais, estações de metrô e aeroportos. 

Após o decreto, a estimativa é a de que as empresas já desligaram quase 600 mil orelhões em todo País, o que representa redução de mais de 70% no serviço de telefonia pública. Conforme dados da Anatel, nos anos 2000 o Brasil chegou a ter 1,4 milhã</CW>o de orelhões ativos. 

A Vivo ainda informou que a distribuição de telefones públicos segue determinação legal do MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação) e regulatória da Anatel e que, com as novas tecnologias de comunicação, em especial o massivo uso do serviço móvel, a utilização dos orelhões está em acentuado declínio.

Prédio da CTBC guarda equipamentos técnicos

Em uma das esquinas mais conhecidas de Santo André, entre a Avenida Portugal e a Rua Justino Paixão, está localizado o antigo prédio da CTBC. Inaugurado em 1968, atualmente não passa de um edifício em decadência e que nem de longe se assemelha ao que era no tempos em que a empresa telefônica dominava as chamadas entre os moradores da região. 

Envolto em diversos tipos de pichação, muita gente assegura que o prédio de sete andares está vazio e até mesmo abandonado, mas não é isso que informa a Vivo. A empresa informou que o imóvel ainda pertence à companhia e que o prédio é utilizado para abrigar equipamentos técnicos da própria Vivo.

No início da gestão do prefeito Paulo Serra (PSDB), em 2017, a Prefeitura especulou comprar o edifício, que fica a poucos metros do Paço Municipal. A ideia era utilizar o local para abrigar secretarias que estavam ocupando edifícios alugados, mas as negociações não avançaram.




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