Políticos representantes de partidos rivais e com programas antagônicos, o governador João Doria (PSDB) e o prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), deram ontem, durante a solenidade de entrega da unidade da Rede Lucy Montoro na cidade do Grande ABC, exemplo de civilidade, cordialidade e respeito políticos. Em discursos impecavelmente institucionais, longe do tom de palanque muito comum em períodos próximos às eleições, ambos demonstraram que é possível superar divergências particulares em benefício da população. Quem tentou extrapolar, como o deputado estadual Márcio da Farmácia (Podemos), foi vaiado pelo público. Bom sinal.
O evento em Diadema destoou do que a opinião pública se acostumou a ver nos últimos anos, com a radicalização excessiva – e estéril – da política. O Grande ABC, aliás, tem sido grande vítima de administrações exercidas com personalismo, rancor e revanchismo. Exemplos regionais não faltam, mas este Diário, para não estragar a harmonia do momento, vai evitar citar nomes, embora os leitores terão dificuldade zero para evocá-los.
Muitas das demandas das sete cidades poderiam ter sido atendidas pelos governadores ou presidentes que se sucederam no poder se houvesse maior consenso entre os políticos eleitos na e pela região. Mas existem muitos indivíduos interessados na manutenção da divergência, porque fazem dela ativo político para se manter no poder. Separam o todo para se fortalecer individualmente. Enquanto isso, toda a sociedade paga.
Pela pujança de sua economia, pelo potencial de seus eleitores e pelo brio de seus quase 3 milhões de moradores, o Grande ABC deveria merecer olhar diferenciado de governadores e presidentes. Mas a política fratricida, a verborragia excessiva que esconde a incompetência administrativa e as picuinhas entre iguais impedem que isso ocorra. Doria e Filippi surpreenderam porque fizeram o oposto. E este Diário, defensor intransigente da construção de pontes em vez de muros, não poderia deixar de parabenizar a ambos. Que o exemplo frutifique.
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