Na inauguração da Rede Lucy Montoro, tucano e petista deixaram de lado a rivalidade; Márcio da Farmácia entra no tema eleitoral e é vaiado
A inauguração da Rede Lucy Montoro no Quarteirão da Saúde, em Diadema, tinha tudo para se tornar um embaraço político, por ser uma obra do governo do tucano João Doria instalado dentro de um equipamento bandeira da gestão de José de Filippi Júnior (PT). As autoridades evitaram tons eleitorais, em alguns períodos trocaram afagos, até o momento em que o deputado estadual Márcio da Farmácia (Podemos), de Diadema, apresentou o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) como potencial candidato à sucessão ao Palácio dos Bandeirantes. A uma plateia cheia de aliados do prefeito petista, ouviu um coro de vaia, seguido de um sonoro “é Lula”.
Foi o único entrevero em uma agenda com políticos das mais variadas vertentes ideológicas. Além de Doria e Filippi, estavam no palanque o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), a deputada estadual Carla Morando (PSDB), o deputado estadual Márcio da Farmácia (Podemos), a vice-prefeita Patty Ferreira (PT) e o presidente da Câmara de Diadema, Josa Queiroz (PT) – a secretária estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Celia Leão, e o secretário de Saúde do Estado, Jean Gorinchteyn, também subiram ao palco.
O tom cordial esteve nos discursos de todos. A troca de parceria entre Estado e Prefeitura de Diadema, independentemente de coloração partidária, foi enaltecida pelas autoridades. Críticas ao trabalho do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), também fizeram convergir as falas.
Vice-prefeito de Diadema quando o governo do Estado anunciou a construção da Rede Lucy Montoro para a cidade, ainda na gestão do ex-prefeito Lauro Michels (PV) e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), Márcio da Farmácia iniciou o discurso em tom moderado. Elogiou o fato de Filippi abrir portas da Prefeitura para conversas a favor de projetos públicos sem olhar partido. Porém, foi vaiado quando defendeu Rodrigo Garcia. Orientado por Morando, a quem tem se escorado politicamente depois que o Paço de Diadema voltou para as mãos do PT, Márcio fugiu do tema eleições.
Filippi assumiu o microfone na sequência, e agiu como bombeiro para conter qualquer embate político. “Vamos tratar as diferenças (entre o PT e o PSDB) apenas no ano que vem. Quando se trata do SUS (Sistema Único de Saúde), nós estamos unidos”, comentou o petista. Doria, por sua vez, elogiou o chefe do Executivo diademense como alguém “generoso”, “sensato”, “equilibrado” e “sereno”. “Somos irmãos. Aqui não tem prefeitura do PT, do PSDB, do PP, do MDB, todos são iguais”, defendeu o tucano.
BOLSONARO
Na semana passada, em entrevista à revista Veja, Doria afirmou que as eleições presidenciais do ano que vem devem ser “as mais sujas e sórdidas da história” e que será uma “campanha para pessoas que tenham personalidade”. Na solenidade de ontem, ele voltou ao tema do tom da disputa eleitoral em nível federal. “Quando disputamos as eleições é como disputar um campeonato. Você luta pela vitória e, às vezes, tem canelada. Faz parte do jogo, desde que você não mutile o seu adversário.”
O governador também voltou a criticar Bolsonaro ao lembrar que o governo do Estado foi responsável pelo início da vacinação no país com a vacina Coronavac. “Fizemos o enfrentamento e ainda fazemos pela (aplicação da) vacina. Pagamos meio milhão pela vacina e não foi nem o Ministério da Saúde, nem o governo Bolsonaro. Nunca imaginei ter que lutar pela vida do brasileiro”, disse.
Doria também afirmou que é preciso respeitar a ciência e a vida e defendeu que haja uma união pela democracia. “Temos que nos afastar dos negacionistas, dos terraplanistas que acham que a Terra não é redonda. Nesse momento tão difícil com País, temos que fazer o que estamos fazendo aqui com o Filippi”, disse, em meio a gritos de “Fora, Bolsonaro” de aliados e de petistas presentes.
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