Filippi prevê pacote de cerca de R$ 200 milhões com novo equipamento hospitalar, PS Central em antiga concessionária e UPAs no Paineiras e Eldorado
O prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), esquadrinhou planejamento para reformular o atendimento de saúde no município que inclui a transformação do prédio do Paço, na Rua Almirante Barroso, no novo hospital municipal. O plano envolve ainda a construção de um PS (Pronto-Socorro) Central e duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) 24 horas, além da classificação do futuro equipamento hospitalar e do Quarteirão da Saúde em unidades de retaguarda.
O petista anunciou o projeto em entrevista exclusiva ao Diário. A estimativa do chefe do Executivo diademense é ter todos os prédios em funcionamento até o fim de sua gestão, em 2024, com investimento inicial da ordem de R$ 200 milhões – volume que, segundo ele, será repartido em verbas do Tesouro e busca de financiamentos com instituições financeiras brasileiras ou internacionais.
Atualmente a rede hospitalar de Diadema é composta pelo HM (Hospital Municipal) do Piraporinha (com PS), do Quarteirão da Saúde (também com PS), de 20 UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e Pronto Atendimento no bairro Eldorado. O atendimento no HM é um dos mais prejudicados e alvo constante de reclamações e promessas de resolução, que sempre se esbarram em burocracias. Isso porque a unidade foi constituída em prédio que pertencia ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e que hoje está em nome do Ministério da Saúde.
“O prédio onde fica o Paço é da Prefeitura. Esse entrave (burocrático) não existe”, disse Filippi. “Já até avisei os secretários que estaremos todos despejados até o meio do ano que vem. Minha prioridade é o hospital, Diadema precisa de um hospital e em uma região central da cidade. Depois vejo onde vamos despachar”, emendou o petista. A estrutura do Paço foi concebida nos anos 1970 inicialmente para abrigar uma casa de repouso – em 1976, o então prefeito Ricardo Putz transformou o local no centro político da cidade. Hoje acolhe as secretarias de Governo, de Comunicação, de Planejamento, de Finanças, de Assuntos Jurídicos e chefia de Gabinete.
O hospital no Paço será construído em área de 15 mil metros quadrados (abarcando os 3.000 metros quadrados do Paço mais a área do estacionamento e outros espaços adjacentes) e terá entre dez e 12 andares e 240 leitos. “Fizemos os estudos e é possível. Teremos um hospital no coração da cidade”, discorreu Filippi, que estima investimento de R$ 150 milhões para erguer o equipamento e um período de 30 meses para as obras. O governo ainda não decidiu o que fará com o atual HM.
Já o PS Central funcionará no espaço onde por anos foi a concessionária de veículos Viamar, na Avenida Fábio Eduardo Ramos Esquível, a menos de dez minutos a pé (cerca de 300 metros, em linha reta). A área foi decretada como de utilidade pública no Diário Oficial de sábado. São aproximadamente 5.000 metros quadrados de terreno, que irá também acolher a base do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Filippi disse que o espaço custa R$ 25 milhões e que, desse valor, serão descontados cerca de R$ 4 milhões em dívidas que o titular do terreno possui com a administração. “Vamos parcelar o restante. Será amigável.”
O prefeito estima que o equipamento esteja pronto em 12 meses a partir da assinatura do contrato com a empreiteira. O tempo de obra mais reduzido, conforme o petista (que é engenheiro de formação), se deve ao modelo BTS (Built to Suit, ou construído sob medida, na tradução livre), no qual o construtor executa o projeto conforme suas necessidades – no caso específico do PS, Filippi afirmou acreditar que boa parte estrutural será reaproveitada. “Devemos reutilizar entre 60% a 70%.”
Como forma de descentralizar o atendimento de urgência e emergência, Filippi estimou a construção de duas UPAs, uma no Jardim Paineiras (região Norte) e outra no Eldorado (região Sul). “Unidades com capacidade de 20 a 30 leitos, para dar resolutividade”, projetou. Na região Norte moram cerca de 120 mil moradores, mesmo número da região Sul. A UPA do Paineiras ficará ao lado da UBS do bairro (Rua Javari), enquanto a do Eldorado ainda não dispõe de terreno fechado. “Estamos analisando duas possibilidades.”
Plano chegou a ser pensado por Reali em 2012, mas derrota travou
A possibilidade de transformar o Paço de Diadema em hospital foi discutida pelo ex-prefeito Mário Reali (PT), hoje chefe de Gabinete do prefeito José de Filippi Júnior (PT). Em 2012, o Diário mostrou que a gestão do petista desenhou o planejamento de alocar o equipamento hospitalar na estrutura administrativa da Rua Almirante Barroso, no Centro.
O planejamento seria iniciado em 2013, se Reali conquistasse, no ano anterior, a reeleição – havia sido eleito em 2008, sucedendo e apadrinhado por Filippi. Porém, Reali perdeu aquele pleito para o então vereador Lauro Michels (PV). O verde, curiosamente, foi sucedido por Filippi.
A ideia surgiu justamente diante da dificuldade burocrática envolvendo o HM (Hospital Municipal) de Piraporinha. À ocasião, Reali ainda sofreu com problemas jurídicos de um terreno atrás do equipamento onde ele estimava instalar uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 horas. Embora parte do terreno tenha sido desapropriada, outros setores pertenciam ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e todo emaranhado de titularidades das áreas impediu avanço da discussão.
PROJEÇÃO
Questionado como vai buscar recursos externos, em especial no governo federal, hoje liderado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Filippi disse esperar por mudança no comando do País a partir de janeiro de 2023. “Estamos apostando em um novo presidente da República (risos)”, afirmou. Filippi defende e trabalhará pela eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Filippi assegurou que não encerrará o mandato sem ter um Paço. Ele elogiou a estrutura física de Santo André e declarou se inspirar em algo semelhante para Diadema. “Vou reservar o último ano do mandato para isso. É importante Diadema ter um centro político. Mas a prioridade é a saúde.”
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