Política Titulo Santo André
Polícia apreende sistema de câmeras
Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
26/05/2012 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


A Polícia Civil executou ontem ação de busca e apreensão para retirar sistema de monitoramento interno de prédio na Avenida Dom Pedro II, em Santo André, onde está localizado o escritório de assessoria do ex-secretário de Gabinete da Prefeitura Beto Torrado. O material, segundo o delegado Gilmar Camargo Bessa, que preside inquérito criminal, servirá para constatar ou não a presença de negociações do Caso Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) no local.

O teor do material baseia-se no controle de segurança de entrada e saída do espaço entre outubro a maio. A análise de todo o conteúdo do DVD será realizada pela perícia do Instituto de Criminalística, sem data prevista para encerramento da apuração. O advogado Calixto Antônio Júnior, acusado de integrar o suposto esquema de vendas de licença ambientais na autarquia, declarou à polícia que recebeu parte da verba (R$ 200 mil de um total de R$ 800 mil) devida pelo prefeito Aidan Ravin (PTB) dentro do escritório.

O advogado argumentou que Antônio Feijó, assessor do prefeito, compareceu ao local, utilizado, segundo ele, para encontros expúrios. Para o delegado, se não houve desvirtuamento ao material, o exame da perícia poderá nortear a veracidade das declarações de Calixto. "Quero acreditar que toda essa averiguação chegue a algum objetivo (para elucidar o episódio). O que procuramos (nessa ação) é a materialidade de tudo o que está sendo denunciado", avaliou Bessa.

Com o alvo da ação, a polícia necessitou de ordem judicial, alegando imprescindibilidade da apreensão para expedir o mandado. Da mesma forma, na quarta-feira busca foi feita para encontrar documentos e objetos que pudessem corroborar com a apuração. "Fizemos vistoria nos ambientes e trouxemos papéis, cadernos, documentos que analisaremos de maneira detalhada. Além de um computador com controle de pagamentos para ver se, eventualmente, há alguma importância."

Torrado está fora do governo Aidan desde maio de 2010, só que no fim do ano passado, após articulação do PSD na região, teve reaproximação com o Executivo. Voltou a ser visto com frequência no primeiro andar do Paço. À época admitiu que montou empresa de consultoria e que iria contribuir na campanha eleitoral pela reeleição do petebista.

Feijó afirmou categoricamente, em depoimento à polícia e à CPI, que nunca esteve com Calixto, e sequer o conhece. Conforme as suas declarações, houve único encontro ocasional nas dependências do Semasa, mas sem nenhum tipo de conversa. Em entrevista ao Diário, Aidan negou veementemente qualquer tipo de pagamento a Calixto. "Como uma pessoa vai à Câmara, faz todas as denúncias que fez e se oferece dinheiro para ele não fazer as denúncias? Ele já fez as denúncias", alegou.

 

Temendo manobra, Montorinho entrega relatório paralelo da CPI

Único oposicionista a compor a CPI do Semasa, o vereador José Montoro Filho, o Montorinho (PT), apresentou ontem relatório final paralelo. O prazo de conclusão dos trabalhos será encerrado na terça-feira e, por receio de manobra governista, ele elaborou o documento para evitar que haja término sem votação de conclusão por parte dos integrantes. "Me precavi para não deixar que toda a apuração de dois meses e meio não caia em descrédito, no ridículo."

Montorinho concluiu, no relatório, que, de acordo com os depoimentos proferidos na CPI e na Polícia Civil, o prefeito Aidan Ravin, auxiliado por agentes públicos, integrantes dos quadros da administração direta e indireta do Executivo e, inclusive pessoas estranhas ao quadro de pessoal, teriam se juntado para praticar atos ilícitos de ordem civil e criminal com a finalidade de beneficiarem-se às custas do dinheiro público.

Contrariamente ao petista, o relator da CPI, vereador Toninho de Jesus (DEM), afirmou que dará conotação totalmente diferente em seu relatório, que será entregue na terça-feira. "Estou satisfeito para fechar o relatório. Na nossa visão não houve prova de venda de licença ambiental, ao qual é o objeto da investigação (da comissão)", disse, reiterando que a atitude de Montorinho foi precipitada.

Para o democrata, os depoimentos das pessoas indicadas na CPI o deixaram confortável para elaborar o relatório, finalizando as investigações. "Vou apresentar minha tese e colocar à disposição para ver se concordam (com o conteúdo). Na minha opinião, não há necessidade de se prorrogar o prazo, mas se não houver consenso, podem pedir (mais tempo)."

O presidente da CPI, Donizeti Pereira (PV), protocolou requerimento para que, caso não seja aprovado o relatório de Toninho, seja votado na terça a prorrogação por mais 15 dias, ou seja, dia 13.




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