Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas da Região do Grande ABC, Benedito Marcílio, o reajustes para 20 mil medicamentos ‘foi um presente de grego que o governo colocou em cima dos aposentado'.

Na segunda-feira, a CMED (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos), coordenada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), decretou que os fabricantes poderão aumentar até 4,83% o preço dos remédios. A Anvisa autorizou o reajuste a partir do dia 31. Porém, o limite máximo do aumento só poderá ser ultrapassado após um ano, ou seja, em março de 2011.

Em nota, o Sindusfarma (Sindicato da Indústria Farmacêutica no Estado) informou que o avanço nos preços ao consumidor não deve ser imediato. Mas a entidade não estimou quando acontecerá.

Marcílio afirma que o custo dos remédios chega, em média, a até 50% do orçamento dos aposentados e idosos. "Isso sem contar o plano de saúde, que também é bem caro para a nossa classe."

Para o sindicalista, o governo persegue os aposentados. "Somos discriminados nesse País. Não oferecem saúde pública de qualidade. As farmácias de distribuição gratuitas têm falta de medicamentos", critica. Ele reclama que sua categoria luta para conquistar aposentadoria ‘de acordo com a necessidade e o governo libera aumento aos medicamentos'.

CRÔNICA REAL - O aposentado Trajano José das Neves, 83 anos, conquistou no começo do ano reajuste em seu benefício. "Eu estava no tal buraco negro. Trabalhei 36 anos e me aposentaram como 30 anos. Contestei e agora, de R$ 465, ganho R$ 900."

Mesmo assim ele afirma que gasta até 15% do orçamento mensal com remédios. E quando um resfriado o atinge ou a sua esposa, de 63 anos, ‘fica tudo mais complicado', comenta Neves.