Fontes próximas ao setor empresarial canadense reconheceram nesta quinta-feira que, em caso retaliaçoes comerciais recíprocas, o Canadá será o maior perdedor. Embora o comércio bilateral (exportaçoes mais importaçoes) entre os dois países nao passe de US$ 1,5 bilhao - nem 1,5% do total do comércio do Brasil com o resto do mundo -, as companhias canadenses poderao ser as mais prejudicadas. Atualmente, existem cerca de 1,2 mil empresas daquele país instaladas no Brasil, incluindo as que têm apenas escritórios de represenbtaçao ou pequenas participaçoes. Entre elas estao, por exemplo, a Alcan, Brascan, Bell Canadá e Moore do Brasil, que atua na área de informática e de sistemas.

O curioso nessa disputa é que o comércio exterior do Canadá está praticamente concentrado no mercado norte-americano, que absorve 85% de suas exportaçoes. Os restantes 15% estao divididos no resto do mundo. Até dois anos atrás, essa dependência norte-americana levou os canadenses a tentar uma aproximaçao com o Mercosul, onde o Brasil representa mais de 2/3 do potencial de mercado do bloco, razao pela qual uma briga comercial com o país nao traz benefícios para o Canadá.

Consultado sobre as conseqüências e repercussoes desse quase incidente diplomático entre os dois países, o vice- presidente da Câmara de Comércio Brasil Canadá, Antônio Conde, disse à Agência Estado que, apesar da situaçao delicada instalada, a disputa comercial na OMC se restringe a duas companhias e que "cabe aos governos canadense e brasileiro tratar o tema de forma que proteja os interesses das empresas instaladas nos dois países".