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No 1º semestre, 97% dos salários obtiveram reajuste
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
27/08/2010 | 07:05
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Durante o primeiro semestre deste ano, 97% das 290 negociações salariais registradas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) conquistaram reajustes iguais ou superiores à inflação medida pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado supera os obtidos nos dois últimos anos: 93% do total em 2009 e 87%, em 2008.

Segundo o coordenador de relações sindicais do Dieese, José Silvestre Prado de Oliveira, o cenário econômico contribuiu muito para a evolução dos acordos com os sindicatos. Dentre os motivos que levaram ao resultado destacam-se quatro: a retomada da economia, a estabilidade da inflação, a valorização do salário-mínimo e o aumento da formalização do emprego.

Cerca de 88% das 290 negociações salariais registraram aumentos reais nos salários, ou seja, o reajuste foi superior à inflação. O resultado supera em 10 pontos percentuais os acordos obtidos em 2008 e 2009.

Desse montante, aproximadamente 63% resultaram em ganhos reais de até 2% acima da inflação - em 2009 eram 64% e, em 2008, 65%. Em torno de 25% conquistaram aumentos reais superiores a 2%. Em 2009 eram 12% e, em 2008, 11%.

Quanto aos reajustes acima de 3% da inflação, 12% das 290 negociações os conseguiram. Em 2009 foram 5% e, em 2008, 4%. Já o número de aumentos acima de 5% triplicou entre 2009 e 2010, passando de cinco para 16 acordos.

Silvestre, como é conhecido, ressalta que apenas 3% das negociações não zeraram a inflação, ou seja, não a cobriu. Das que obtiveram reajustes inferiores ao INPC, acumularam perdas entre 0,01% e 1% por conta da inflação em baixa.

A reposição da inflação é essencial nas relações trabalhistas para recompor o poder de compra, já que a inflação acaba ajustando os preços de um ano para outro. Porém, só se pode considerar que houve aumento de fato no salário quando o reajuste supera o INPC, pois, então, o consumidor tem condições de incrementar seu poder de compra.

"Embora nos primeiros seis meses deste ano esteja havendo evolução nas negociações, os ganhos reais, ou seja, o que gera melhores condições de consumo ao trabalhador, ainda estão abaixo do PIB (Produto Interno Bruto). A economia cresce, em média, entre 4% e 4,5% ao ano", aponta.

Para a análise do primeiro semestre são considerados os acordos selados entre sindicatos e categorias que têm suas data-bases de janeiro a junho. Encontram-se os segmentos da construção civil, transportes, alimentação, calçados e rede privada de ensino.

Para o segundo semestre serão levadas em conta as negociações com metalúrgicos, bancários, químicos, comerciários, petroleiros e jornalistas. "Por serem categorias de peso, é provável que os percentuais de reajustes salariais dos últimos seis meses do ano mantenham ou superem os 97%", afirma o coordenador.

 




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