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Argentina tem crescimento histórico, mas inflação preocupa
Da AFP
16/02/2006 | 16:37
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A Argentina manteve um crescimento muito forte ano passado, com um avanço recorde de 9,1% do PIB (Produto Interno Bruto), segundo o presidente Nestor Kirchner, mas a inflação de dois dígitos ameaça este ritmo acelerado.

A economia argentina já havia registrado um crescimento de 9% em 2004 e 8,7% em 2003. Este é o terceiro ano consecutivo de forte desempenho após a crise econômica de 2002, que fez o PIB cair 10,9%.

Para este ano, os economista prevêem um crescimento de entre 6% e 7,5%, mas o governo, tradicionalmente muito mais prudente, prevê um aumento de 4%. Entre um e outro, o banco central argentino espera um avanço de mais de 6%.

Kirchner comemorou o bom resultado do PIB antecipando na quarta-feira à noite a publicação dos dados pelo Indec (Instituto Nacional de Estatísticas). No entanto, fez questão de ressaltar, este crescimento deve também servir para reduzir a pobreza e as fortes desigualdades que ainda existem na Argentina. Afinal, a situação deste ponto de vista não é nada animadora.

O Indec publicou recentemente um relatório revelando que as desigualdades, longe de terem diminuído na Argentina, inclusive aumentaram. Os 10% dos argentinos mais ricos tinha no fim do ano passado renda 30,8 vezes maiores que as dos 10% mais pobres, contra uma relação de 24 no início de 2003, ou seja, logo depois da crise. A inflação de dois dígitos, a 12,3%, em 2005, lima particularmente as rendas dos mais pobres e, com isso, o governo fez da luta contra a alta dos preços sua prioridade nacional. Toda a semana, o presidente Nestor Kircher e sua ministra da Economia, Felisa Miceli, negociam acordos de controle de preços com os diferentes setores da economia argentina. Isto não impediu, porém, a inflação de chegar a 1,3% em janeiro passado, em razão das fortes altas no setor de turismo, neste período de férias e de verão no Hemisfério Sul.

O governo se esforça para manter a alta dos preços entre 8% e 11% este ano, segundo o orçamento adotado para o período, mas vários economistas dizem que esta meta será difícil de atingir.

O IAEF (Instituto argentino dos Diretores Financeiros) prevê, em seu relatório mensal mais recente (fevereiro), que as experiências passadas da Argentina em matéria de controle de preços fracassaram em razão da falta de coerência entre as metas e as políticas adotadas tanto no âmbito da política monetária como no da política fiscal. A Argentina precisa, sobretudo, de investimentos para garantir um crescimento duradouro e uma estabilidade de preços, comenta o instituto. O nível dos investimentos ultrapassa os 20% do PIB, mas este percentual ainda é muito baixo considerando as capacidades de produção saturadas da economia argentina, um cenário que alimenta a inflação.




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