O representante americano explicou que o governo dos EUA ainda aguarda o resultado final dos estudos realizados pela ONU sobre a reforma de suas estruturas para "apontar qual país deve ou não participar" do Conselho. "Mas o Brasil é um candidato potencial."
Ele destacou o bom papel desempenhado pelas tropas brasileiras no processo de pacificação do Haiti, abalado pela renúncia do presidente Jean-Bertrand Aristide e pelos vários anos de revolta popular. Para o secretário, a ação brasileira "conta pontos" a favor das pretensões de ingresso no Conselho de Segurança.
O secretário fez especial menção às eleições municipais brasileiras, classificadas por ele como "pacíficas e transparentes".
Programa nuclear - Powell falou ainda sobre o acesso de inspetores internacionais ao programa nuclear brasileiro. O secretário americano disse que as pendências são exclusivas entre o Brasil e a Aiea (Agência Internacional de Energia Atômica) e assegurou que Washington não tem preocupações com a conduta do governo brasileiro.
"Sabemos que o Brasil não pensa em fabricar armas nucleares", afirmou Powell, se referindo à unidade nuclear de Rezende (RJ), onde é realizado o enriquecimento de urânio. "Irã e Coréia do Norte são nossas preocupações, não o Brasil", acrescentou.
O Brasil, que possui uma das maiores reservas de urânio do mundo e o programa nuclear mais sofisticado da América Latina, é contra a inspeção de sua fábrica de Resende por parte da Aiea, com a qual negocia o tipo de acesso que seus inspetores terão quando chegarem ao país na metade do mês.
O secretário dos EUA insistiu, por sua vez, que o Brasil deve firmar um protocolo adicional sobre não-proliferação, permitindo assim o acesso total dos inspetores internacionais às usinas de enriquecimento de urânio do país.
Combate à fome x Alca - Em encontro com empresários americanos e brasileiros, Powell elogiou o esforço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo combate à miséria em todo o mundo e disse que os Estados Unidos também estão engajados nesse propósito.
Powell disse que o presidente George W.Bush quer ver a fome erradicada e acredita que o melhor caminho para esse objetivo passa por "investimentos, comércio e empreendedorismo".
O secretário defendeu que a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) é um importante instrumento para integrar economias e pode, inclusive, colaborar no objetivo de combate à miséria pretendido tanto pelo Brasil quanto pelos EUA. Powell não falou em detalhes das negociações pela formação do bloco, que andam estacionadas, mas disse esperar que o acordo comece a vigorar em 2005 – data prevista inicialmente no projeto.
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