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Serra da Canastra, onde o ‘Velho Chico’ nasce
Regiane Soares
Do Diário do Grande ABC
07/04/2005 | 14:38
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A previsão de tempo indicava um dia de muito sol e temperatura alta. Perfeito para um passeio na montanha. Para os cosmopolitas, apenas mais uma paisagem verde. Mas quem deixa se surpreender pelas belezas naturais da Serra da Canastra vai descobrir muito mais do que a nascente do rio São Francisco, em Minas Gerais, e sua primeira grande queda com quase 200 m, a cachoeira Casca D‘Anta.

A aventura começa bem cedo, por volta das 7h, e com muita disposição para enfrentar pelo menos duas horas de viagem em estrada de terra. A viagem até a Serra da Canastra sempre deve ser feita em dias claros, com muito sol. Qualquer possibilidade de chuva torna o passeio inviável, devido ao acesso e ao risco iminente de uma tromba d’água atingir as margens do rio São Francisco.

O ponto de partida é a pequena Vargem Bonita, uma das seis cidades que cercam a Serra da Canastra. Na estrada de terra vermelha, o caminho é ruim, com muitas subidas, descidas, curvas, buracos e poeira, muita poeira. Com tantos obstáculos, a velocidade máxima não passa dos 30 km/h, ideal para apreciar animais que estão pelos campos e cerrados da Canastra.

Não é raro ver tucanos, seriemas e gaviões. A fauna típica da região também reúne várias espécies ameaçadas de extinção, como o tamanduá-bandeira, o lobo-guará e o veado-campeiro, que podem ser vistos com relativa facilidade. A regra número um para ver os bichos é ser atento e silencioso. Quem estiver a pé, a cavalo ou de bicicleta terá mais chances do que quem estiver de carro. Outra dica é dar prioridade ao passeio logo no começo ou no fim do dia. Também há locais estratégicos, pontos com registros de avistagem que só alguns guias sabem identificar.

A viagem segue, e a paisagem se alterna entre campos cheios de delicadas e coloridas flores, cerrado típico e matas de galerias com exuberante vegetação. A cada curva a Serra da Canastra se apresenta com mais imponência. O ponto onde a Serra começa (ou termina) é o que chama mais atenção durante a viagem. Parece uma imensa parede de pedra, coberta com vegetação.

Mas a imagem mais impressionante é a da cachoeira Casca D’Anta, ainda a quilômetros de distância. A parada é obrigatória para observar o impressionante fenômeno da natureza. Mas fique o tempo suficiente para tirar apenas algumas fotos. Ainda há muita estrada para percorrer.

O Parque Nacional da Serra da Canastra foi criado em 1972 com objetivo de proteger as nascentes do rio São Francisco. São 71 mil hectares protegidos pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que impõe regras rígidas para quem visita o local. A Serra é uma espécie de berçário das nascentes que formam a bacia do São Francisco, o mesmo ‘Velho Chico’ que no Nordeste terá as águas transpostas para o sertão do Ceará e Pernambuco. O projeto, do governo federal, pretende amenizar as conseqüências da seca.

Depois de tantos sacolejos e muita poeira na estrada, a recompensa: a imponente cachoeira Casca D’Anta, no coração da Serra da Canastra. Da entrada do Parque Nacional já se pode ouvir o barulho da água caindo a uma altura de quase 200 m. Guias voluntários dão instruções ao longo do caminho, como usar tênis para as caminhadas nas trilhas. O mirante é local mais seguro para admirar a queda d’água. Os aventureiros podem arriscar uma aproximação, mas é quase impossível. Chuviscos trazidos pelo vento impedem a respiração, e quase sufocam quem tenta chegar mais perto. As pedras, molhadas, ficam escorregadias e tornam o acesso mais perigoso.

Aproveite para relaxar em um gelado banho nas águas claras e rasas do ‘Velho Chico’. Um piquenique é uma excelente sugestão para acompanhar o passeio. Dentro do parque, há espaços reservados com mesas, cadeiras e banheiros. Depois do lanche, siga por uma das trilhas que dão acesso à parte alta da Casca D’Anta. A caminhada é de pelo menos uma hora, portanto, reserve tempo suficiente para voltar em tempo claro. E lá em cima está a nascente com uma singela placa: ‘Aqui nasce o rio São Francisco’.

Mas há outras atrações na Serra da Canastra. O local é ideal para a prática de esportes radicais, vivência ambiental e turismo ecológico. Com a descoberta da reserva, muitas áreas de lazer, restaurantes, campings e pousadas foram abertos para receber os turistas. Rafting, rapel e arvorismo são algumas das principais atividades à disposição dos aventureiros.



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