O Corinthians de Santo André completou no domingo 109 anos. Estive na sede do clube, na Vila Alzira, para entrevistar o presidente Jarrão e posso dizer: o mais longevo clube do Grande ABC em atividade merecia mais atenção. Já abordei aqui neste espaço há um ano a necessidade em fazer com que toda a história e tradição da agremiação sejam exaltadas, exploradas e enaltecidas. Afinal, não é apenas um terreno de 20 mil metros quadrados. Pelo contrário. É o perímetro onde há quase 65 anos o menino apelidado como Gasolina, e que mais tarde seria chamado de Pelé, o Rei do Futebol, marcou seu primeiro gol como profissional do Santos, em um jogo festivo no antigo Estádio Américo Guazelli que terminou com goleada santista por 7 a 1.

Já fora prometida uma estátua no Parque Antônio Fláquer ou Praça Tamoio, popularmente chamada de Ipiranguinha, mas a pandemia adiou os planos. Ainda assim, acho pouco. Muito pouco. Acredito que o próprio Peixe poderia fazer algum tipo de parceria com o Galo Preto andreense para montar algum tipo de memorial, composto por objetos alusivos àquela partida, como a súmula do jogo, escrita pelo grande Nelson Cerchiari, então mesário naquele 7 de setembro de 1956. O documento foi guardado por décadas por Nelson Sacilotto até que, em 2019, o filho, Milton Sacilotto, o doou para o Museu de Santo André. Também podem compor este – por ora imaginário – espaço, recortes de jornal da época. A Folha da Manhã, atual Folha de S.Paulo, por exemplo, publicou no dia seguinte ao encontro uma curta matéria falando sobre a partida, trazendo os autores dos sete gols alvinegros (o sexto deles anotado por Pelé, sobre o goleiro Zaluar, após grande jogada na qual partiu desde o meio de campo) e outros detalhes. “A renda atingiu cerca de 39 mil cruzeiros. Boa arbitragem do sr. Abilio Ramos”, citou trecho. Puxa, que dia deve ter sido aquele.

Jarrão me disse que pensa em fazer alguma coisa. Porém, esbarra em limitações financeiras. Aliás, as contas do Corintinha só estão novamente zeradas porque a agremiação negociou a venda de 8% da sede social, onde ficava a quadra coberta, que já está sendo desmontada. No lugar, deverão ser construídas casas de alto padrão. Mas, honestamente, penso que se algo tivesse sido feito lá trás, por outras gestões do próprio clube, essa venda não precisaria ter sido feita e este memorial, inclusive, já poderia ser fonte de renda do clube, que atualmente tem receitas restritas ao aluguel das quadras e do salão social e aos poucos associados. Vida longa ao Corinthians de Santo André e, no que depender de mim, sua memória nunca será apagada! Se trata da história do futebol municipal, regional, nacional e mundial, oras. E, repito, tanto à Prefeitura quanto a Galo Preto e Santos: não esperem Pelé partir deste plano para pensar em concretizar essa homenagem. Façam algo e tragam-no aqui para eternizar este grande e único momento. É justo!

CAPITAL DO SKATE
Repercutiram muito as matérias sobre a construção do centro de alto rendimento de skate no Valparaíso, em Santo André. A previsão da Prefeitura é a de que o local esteja pronto até 2023 e seja utilizado pela Seleção Brasileira na preparação para os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024. Conversei com três dos principais nomes da modalidade, tanto da velha guarda quanto da nova geração, casos dos experientes Karen Jonz e Sandro Dias e do novato Giovanni Vianna, que representou o País na Olimpíada de Tóquio. E todos exaltaram a estrutura, que já está nos planos desde 2017 e só agora dá indícios de que realmente deverá sair do papel, transformando a cidade na capital nacional do skate. Muito justo para o município que serviu como base para dez títulos mundiais (seis de Sandro e quatro de Karen), além de uma participação olímpica (Giovanni), entre tantos outros troféus, pódios e resultados expressivos com Edgard Vovô, Dan César, Vanderlei Arame, Eduardo Braz, Italo Penarrubia e companhia. Tenho certeza que, com um novo espaço como este, surgirão muitos outros talentos mais e, consequentemente, títulos a serem celebrados por aqui.

VISITA
Ontem pela manhã o presidente do EC São Bernardo, Felipinho Cheidde, esteve na sede da Federação Paulista de Futebol, acompanhado do vereador Maurício Cardozo (PSDB), para encontro com o presidente Reinaldo Carneiro Bastos. Levaram uma flâmula com o brasão da cidade como presente ao mandatário da entidade esportiva. O assunto da visita é mantido em sigilo, mas evidencia como o Cachorrão tem mais diálogo e prestígio junto à Prefeitura do que o conterrâneo São Bernardo FC, que por mais de uma vez já falou que acaba sendo escanteado pela atual administração. Detalhe: é o Tigre que estará na elite do Estadual em 2022 e não tenho dúvidas que o Estádio 1º de Maio estará repleto de pessoas ligadas ao poder público são-bernardense durante o Paulistão, principalmente nos jogos contra os grandes. Já nas partidas do Alvinegro, pela Série A-3, dificilmente as mesmas figuras vão dar as caras. Curioso, para dizer o mínimo.