Após ouvir relatos emocionantes na pandemia, Flavio de Almeida decidiu ajudar pessoas de forma silenciosa; bolsa com 400 papéis fica à disposição
Como fazer a diferença em um momento de dor. Foi esse o pensamento que motivou o motorista de aplicativo Flavio Luiz de Almeida, 42 anos, a colocar em seu carro uma bolsinha com 400 pergaminhos com mensagens motivacionais, sobretudo para que as pessoas, em meio à pandemia, se sintam acolhidas e esperançosas.
Morador da Vila Lucinda, em Santo André, Flavio deixou a vida como representante comercial para se aventurar como motorista de aplicativo há um ano e oito meses, ou seja, dois meses antes de a pandemia da Covid chegar ao País. O que ele não esperava era que no momento de isolamento físico, com a óbvia queda de corridas, fosse se deparar com passageiros médicos, enfermeiros e familiares de pacientes internados, que em seu veículo abririam o coração. “Eu ouvi de tudo aqui nesse carro. Histórias que, em muitas vezes, me emocionaram”, relembrou. “Não queria mais ser só um motorista de aplicativo comum. Queria fazer a diferença. Foi aí que tive a ideia de confeccionar esses papeizinhos para levar mensagens positivas para as pessoas”, contou.
Flavio revelou que escreve no computador 24 frases diferentes que vêm em sua cabeça. As mensagens de fé, esperança e motivação são impressas, recortadas e delicadamente enroladas. “Tenho, no total, 5.000 corridas feitas. Destas, em 1.000 distribuí os papeizinhos”, disse, orgulhoso, contando que a reação das pessoas foi o que deu a ele vontade de continuar. “Tem gente que abre o pergaminho e chora. Outras começam a falar sobre o que estão vivendo e como a mensagem caiu. É muito gratificante”, disse o motorista, emocionado.
Flavio contou ainda que nunca disse a um passageiro para observar o saquinho à sua frente, tampouco incentivou que alguém pegasse uma mensagem. “Eu não falo nada. Deixo que a pessoa faça por intuição, porque precisa, ou na sorte mesmo. É de coração que vem (a vontade de escolher uma mensagem). Mas hoje em dia quase todos os passageiros pegam um rolinho”, comemorou o motorista, contando que encontrou uma maneira de ajudar as pessoas sem ser invasivo. “Vou repondo semanalmente”, concluiu.
O “moço das mensagens”, como ficou conhecido, contou ainda que, além desta, tem a maior missão de sua vida, que é educar bem seu filho Murilo, 11. Flavio revelou que, além de estar sempre grudado no garoto, pretende deixar ações do bem como um legado ao filho. “Passo isso para ele com atitudes e não somente falando”, revelou, contando que há pouco tempo incentivou o filho a devolver uma bolsinha que achou no chão do shopping com R$ 500.
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