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Prefeitura remove barracos em área de risco

Entre residências que serão retiradas está a casa de criança que se trata de um tumor na cabeça

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
20/07/2021 | 00:01
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André Henriques/ DGABC


A Prefeitura de São Bernardo iniciou ontem, no Parque São Bernardo, remoção de barracos em área de risco. Na Rua 26 de Março, estruturas que serviam como garagens e a casa de uma rapaz, que no momento da remoção estava trabalhando, segundo relataram os vizinhos, foram derrubadas. Integrantes da GCM (Guarda Civil Municipal) que participaram da ação informaram que hoje serão removidos diversos barracos, entre eles, a casa da auxiliar de serviços gerais desempregada Jacqueline Lima, 28 anos. Na semana passada, o Diário mostrou que o filho mais velho da jovem, Kelvin William Lima da Silva Rocha, 10, tem um tumor na cabeça e precisa de outro lugar para morar, pois sua casa foi considerada insalubre por um médico.

A criança teve alta na sexta-feira e desde então está na casa da avó paterna, no bairro Cooperativa. Segundo a mãe de Kevin, ela não pode ficar neste mesmo local com o filho porque a casa é próxima da residência de seu ex-companheiro, que já a agrediu, e contra quem ela tem uma medida protetiva. “Se eu for para lá posso até ser morta”, afirmou. Jacqueline disse que tem aproveitado as idas do filho ao médico para vê-lo. Ontem, no entanto, não pôde ir ao Hospital Mário Covas, em Santo André, onde a criança passou dois meses internada e onde continua o tratamento, com medo de que seu barraco fosse derrubado.

Jacqueline pediu à Prefeitura de São Bernardo para ser incluída no programa de auxílio-aluguel, já que a sua casa é inadequada para ficar com o filho mais velho, que tem imunidade baixa e poderia ter seu estado de saúde agravado. “Aqui é muito frio, tem goteira, tem rato, não tenho condições de cuidar dele direito nesse lugar”, reclamou. A moradora tem mais dois filhos, de 9 e 5 anos, e está grávida de cinco meses. 

O advogado especialista em direitos da infância e juventude Ariel de Castro Alves avaliou que a família deve ser atendida pelo Cras (Centro de Referência em Assistência Social) e incluída em programa de auxílio-aluguel, uma vez que há um laudo, assinado por um médico, atestando que a residência onde hoje eles vivem é insalubre. A Prefeitura ofertou que Jacqueline fosse atendida pelo auxílio-aluguel apenas pelo período de seis meses.

A moradora reiterou que não tem para onde ir e que os integrantes da GCM afirmaram que, após a remoção, ela seria encaminhada para um albergue e os filhos, para abrigos. “Não vou sair de casa. Terão que derrubar o barraco comigo e com meus filhos dentro, porque não temos para onde ir e não vou me separar deles”, apelou. 

Questionada, a Prefeitura de São Bernardo se limitou a informar que não realizou a remoção de construções habitadas na Rua 26 de Março.




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