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Ações sobre ‘laranjas’ da região patinam na Justiça

Em Diadema, última decisão acerca de candidatura de fachada foi em fevereiro ; em Mauá, processo caminha a passos lentos

Junior Carvalho
18/07/2021 | 07:05
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Investigações envolvendo denúncias de existência de candidaturas laranjas, ou seja, de fachada, nas eleições do ano passado em Diadema e em Mauá caminham a passos lentos. Passados seis meses desde o início da atual legislatura, nenhum dos casos chegaram à conclusão. O resultado, se comprovadas as irregularidades, pode mexer na composição das cadeiras por resultar em cassação dos mandatos até de parlamentares eleitos.

Pelo menos três ações tramitam nos cartórios eleitorais da região. Todas elas envolvem candidaturas femininas suspeitas de terem sido lançadas pelos partidos como forma de driblar a legislação eleitoral, que determina percentual mínimo de gênero na formação da chapa de candidatos à vereança.

Em Diadema, a denúncia aponta a candidatura de Thaina Alves (PDT) como projeto ‘laranja’. Além de ter recebido zero voto no pleito, o projeto da pedetista declarou que não teve nenhuma despesa durante o processo. Em fevereiro, o Diário revelou com exclusividade que o próprio ex-prefeiturável pedetista na cidade, Ronaldo Lacerda, teria admitido a prática. Áudio atribuído ao pedetista, hoje secretário de Habitação do governo do prefeito José de Filippi Júnior (PT), revela que Lacerda teria confirmado que Thaina foi lançada como candidata apenas para garantir a presença de mais homens na chapa.

“Thaina não foi candidata ‘laranja’, não. Foi candidata para garantir a permanência de dois candidatos homens (…) Ou a gente colocava uma candidata mulher ou cortava dois homens (da chapa). Foi uma posição que a gente tomou para manter a chapa, (para) não tirar esses dois companheiros”, teria dito o pedetista, cuja voz é idêntica à do áudio investigado.

As denúncias partiram de ex-dirigentes do próprio PDT diademense e causaram racha no partido, já que o caso põe em risco o mandato do único pedetista eleito na cidade: o vereador Jeferson Leite. Thaina e sua mãe, inclusive, chegaram a ser fotografadas em atos de campanha do hoje vereador, como revelou o Diário. Pupilo de Lacerda, o parlamentar e o hoje secretário devem deixar a legenda. O processo tramita na 222ª Zona Eleitoral da cidade, mas a última decisão envolvendo o caso foi proferida em fevereiro. De lá para cá, apenas despachos internos e ingressos de petições.

Já em Mauá, as suspeitas ameaçam os mandatos de quatro vereadores, sendo dois do PSB (Ricardinho da Enfermagem e Samuel Enfermeiro) e dois do PSD (Márcio Araújo e Vaguinho do Zaíra). Em dezembro, o ex-vereador Tchacabum (PDT), derrotado na disputa à reeleição, denunciou os dois partidos por lançarem candidaturas ‘laranjas’. Fátima Cunha (PSB) e Regiane Viana, a Nega do Povo (PSD), também não receberam um voto sequer. No caso da socialista, inclusive, há registros da ex-candidata fazendo campanha para o vereador Admir Jacomussi (Patriota), que é pai do ex-prefeito Atila Jacomussi (SD), que integrava o partido de Fátima quando disputou, sem êxito, a reeleição.

Nesse caso, as denúncias chegaram a ameaçar os mandatos dos eleitos. Ainda em dezembro, a Justiça de Mauá concedeu liminar suspendendo a diplomação dos quatro parlamentares do PSB e do PSD. No dia seguinte, porém, os vereadores derrubaram a decisão no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) e garantiram o direito de serem diplomados e, em janeiro, foram empossados. A investigação prosseguiu na primeira instância. Essas duas ações ainda estão em fase de oitiva das partes. Em maio, o juiz Marcos Alexandre Santos Ambrogi, da 217ª Zona Eleitoral da cidade, autorizou a citação dos envolvidos pelo WhatsApp em decorrência da dificuldade em notificar as ex-candidatas. 




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