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Moradora de São Bernardo não tem onde cuidar do filho doente

Criança de 10 anos está internada com tumor na cabeça; laudo assinado por médico atesta que casa da família é insalubre

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
16/07/2021 | 00:01
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André Henriques/ DGABC


Passar dois meses com o filho internado e finalmente poder celebrar a alta médica seria motivo de comemorações para toda mãe. No entanto, para a auxiliar de serviços gerais desempregada Jacqueline Lima, 28 anos, moradora do Parque São Bernardo, em São Bernardo, esse é motivo de grande angústia e preocupação. O filho mais velho da jovem, Kelvin William Lima da Silva Rocha, 10, tem um tumor na cabeça e está desde 21 de maio no Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André. Em 17 de junho, um médico da UBS (Unidade Básica de Saúde) Parque São Bernardo, onde a família é referenciada, já atestou que a moradia é insalubre. Sem ter para onde ir, Jacqueline tenta ser inserida no programa de auxílio aluguel da Prefeitura.

Assim, a jovem está sem saber o que fazer. A sua mãe mora no bairro Cooperativa, mas para lá Jacqueline não quer voltar, pois o ex-marido e pai dos dois filhos mais velhos mora naquela região. “Tenho uma medida protetiva contra ele. Se voltar para lá, posso morrer”, afirmou. Sua casa é um barraco em área de risco, com umidade, e falta de espaço, condições que podem agravar o estado de saúde da criança. “Não sei mais o que fazer, estou desesperada”, declarou.

Segundo Jacqueline, a equipe do Cras (Centro de Referência em Assistência Social) propôs que ela fique dois meses com o pequeno Kelvin em uma instituição da região que abriga pacientes que fazem tratamentos médicos. Mas, neste local, ela não poderia levar os outros dois filhos, Maycon Weslley Lima da Silva Rocha, 9, e Pietro Yuri Silva de Souza, 5. Jacqueline também está grávida de cinco meses, o que poderia ser um impeditivo para a sua permanência na instituição.

“Se eu ficar com meus filhos aqui, o Conselho Tutelar pode querer tirar eles de mim, porque o lugar não é adequado. Eu quero ficar com todos eles, e cuidar do meu que está doente, mas nessa casa não estou tendo condições”, apelou. “Preciso ir para um lugar onde não tenha prazo para sair, porque não sei até quando vai o tratamento dele”, completou Jacqueline.

O advogado especialista em direitos da infância e juventude Ariel de Castro Alves avaliou que a família deve ser atendida pelo Cras e incluída em programa de auxílio-aluguel, uma vez que há um laudo, assinado por um médico, atestando que a residência onde hoje eles vivem é insalubre. “O auxílio deveria perdurar ao menos durante o tratamento médico”, afirmou o defensor.

Questionada, a Prefeitura de São Bernardo informou, por meio de nota, que a moradora foi atendida no Cras da Vila do Tanque, em 23 de junho. Que sua família foi referenciada e está sendo acompanhada pelo serviço, que iniciou as articulações com a rede intersetorial, que envolve a saúde e outros serviços da assistência social, buscando os melhores encaminhamentos para o caso.

Segundo a administração, na ocasião, foram apresentadas as condições para acesso ao programa auxílio-moradia. “A iniciativa, vinculada à política de assistência social, possui caráter emergencial e transitório, com concessão de benefício por seis meses a famílias com até meio salário mínimo per capita e que residam na cidade há, pelo menos, dois anos”, completou o comunicado da administração. 




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