Ajuda varia desde kit alimentação até depósitos de R$ 90, que ajudam a garantir refeição para famílias vulneráveis
Diante da necessidade de promover aulas remotas devido à pandemia do coronavírus, 197.662 alunos da rede municipal do Grande ABC passaram a receber auxílio alimentar oferecido pelas prefeituras, seja por meio do fornecimento de cartão merenda (com valor mensal depositado) ou kits de cestas básicas para suprir a alimentação que os estudantes faziam nas escolas.
O benefício, concedido pelas sete cidades da região, visa a manutenção e segurança alimentar dos alunos, sobretudo porque famílias que vivem em situação de vulnerabilidade, por vezes, têm na merenda escolar a principal refeição do dia.
Em Santo André, a Prefeitura distribui mensalmente 35,5 mil kits alimentação às famílias. São Bernardo oferta cartão merenda para cada um dos 82 mil alunos da rede, com depósitos de R$ 80 mensais. Mauá deposita o mesmo valor para os 18 mil estudantes, e ainda distribuiu 3.000 kits complementares aos alunos de zero a 3 anos. Em Ribeirão Pires a Secretaria de Educação informou que entrega 2.500 kits e em Rio Grande da Serra são R$ 60 mensais para 1.656 estudantes da rede. Todos os municípios manterão os benefícios até que as aulas presenciais sejam retomadas por completo, quando os estudantes passarão a receber a merenda exclusivamente no ambiente escolar.
Já em São Caetano, o último depósito de R$ 90 foi feito em 30 de junho, uma vez que a previsão é que as aulas sejam retomadas neste mês.
Em Diadema, o município lançou em abril o programa Cartão Merenda e, desde então, deposita R$ 50 por mês aos 31.506 estudantes da rede municipal – antes o benefício era concedido por meio de cestas básicas.
Quem comemorou a mudança no método de auxílio alimentar em Diadema foi José Miranda Filho, 54 anos, que, além de estudar na EJA (Educação de Jovens e Adultos) II, da Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Cândido Portinari, também tem seu filho Gabriel Nunes Miranda, 5, matriculado na mesma escola. Com isso, a família recebe, por mês, o montante de R$ 100, o que José afirma ter “salvado a vida” deles.
Antes, com a cesta básica, muitas vezes acabavam vindo alimentos que nós, na nossa casa, não usamos tanto. Ou sobravam determinados itens que vinham em mais quantidade todo mês. Com esse valor, consigo comprar especificamente o que minha família consome mais, e de boa qualidade”, comemorou Miranda, como é conhecido pelos amigos. “Esse cartão merende facilitou demais e foi um respiro para a gente comer melhor”, garantiu José.
Operador de máquinas, ele conta que manter os custos da casa – ele vive também com a mulher, Romilda Nunes Miranda, 48, e a filha Anne Nunes, 8 – ficou mais difícil com a chegada da pandemia. “Com o vírus ficou tudo muito difícil financeiramente. Tivemos de nos reinventar, para trabalhar e também para comer, porque ficou tudo mais caro”, disse o morador do Jardim Casa Grande. “O trabalho nos afetou com o fechamento de todos os serviços não essenciais. Tive de me reinventar como muitas pessoas tiveram e por isso essa ajuda que recebi da Prefeitura foi fundamental”, comenta.
José lamenta que nem todas as pessoas tenham acesso ao benefício e confessa sentir-se privilegiado por receber o valor em dobro. “É muito bom que a Prefeitura pense na segurança alimentar dos alunos. Mas fico triste de pensar que tanta gente está passando fome e nem isso tem”, lamentou, contando que com o valor consegue comprar arroz, feijão, óleo e carne, e ainda guardar um pouco para juntar na próxima recarga. “Sempre deixo sobrar R$ 20 ou R$ 30. Foi essencial esse benefício que, mesmo que pareça pouco, esses R$ 50 salvam vidas”, comemorou.
ECONOMIA LOCAL
Os cartões merenda distribuídos nas cidades de São Bernardo, São Caetano, Diadema e Rio Grande da Serra contribuíram também para fortalecer a economia local, que, com a pandemia, também foi afetada. Ou seja, todo o valor investido pelas administrações nas recargas mensais acaba retornando para a cidade com o consumo nos estabelecimentos do município. Em Diadema, conforme levantamento da Secretaria de Educação, foram realizadas 189.182 transações em 821 comércios da cidade desde abril.
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