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Docentes da região ganham prêmio médico internacional

Capitaneado por Eduardo Grecco, projeto de endocrinologia robótica envolveu FMABC, USCS e a Universidade do Texas

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
27/06/2021 | 00:28
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Claudinei Plaza/DGABC


 Professores universitários e médicos do Grande ABC venceram prêmio internacional de medicina ao serem escolhidos na categoria Best of the Best (Melhor dos Melhores) no vídeo plenário da Asge (sigla em inglês para Sociedade Americana de Endoscopia Digestiva) do DDW 2021 (Semana Americana do Aparelho Digestivo), o maior e mais importante congresso mundial da área, realizado em maio. O projeto apresentado, de endocrinologia robótica, envolveu a FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), a USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e a UT (Universidade do Texas), além de empresas privadas.

O endoscopista bariátrico Eduardo Grecco, professor das duas instituições de ensino superior do Grande ABC que participaram do projeto e um dos nomes mais importantes da endocrinologia no Brasil, explicou que o trabalho exposto foi uma cirurgia robótica para retirada de lesões no reto, na qual se apresentou um procedimento muito menos invasivo e de recuperação praticamente imediata do paciente.

Com a nova técnica, ao invés de os médicos realizarem incisão no abdômen do paciente para a remoção do trecho lesionado no reto, é possível retirar apenas o tecido lesionado, liberando o indivíduo para alta em até um dia, contra ao menos sete do método convencional. A técnica, além de proporcionar recuperação mais rápida, também pode representar custos menores aos estabelecimentos de saúde.

O robô utilizado foi produzindo na Coreia do Sul por uma empresa norte-americana e esteve na USCS durante o período de desenvolvimento e teste desse tipo de tratamento. No total, 28 pacientes, do Brasil e dos Estados Unidos, foram submetidos à técnica, que já foi aprovada pela Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), instituição equivalente à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Muito embora ainda não haja previsão de quando o procedimento possa estar disponível no SUS (Sistema Único de Saúde), Grecco destacou a importância do prêmio para a região.

“A FMABC é referência nacional e internacional na área de endoscopia. A USCS vai caminhando no mesmo sentido, uma universidade jovem, que não abre mão da qualidade”, afirmou. Segundo o médico, especialistas de todo o mundo vêm para o Brasil, e mais especificamente para o Grande ABC, para treinamentos nessa área. “Nosso próximo passo é começar a capacitar outros médicos para que eles também possam levar essa nova técnica aos seus pacientes”, completou. Além de Grecco, fizeram parte do projeto os médicos Manoel Galvão Neto, Fauze Maluf Filho, Erik Wilson, Tod Vilson, Thiago Ferreira de Souza, Felipe Rossi e Vitor Sagai.

Docente nas duas universidades, Grecco também é o coordenador e responsável pela residência médica em endoscopia da FMABC, programa que ele mesmo implementou, em 2012. Foi ele quem iniciou o processo de residência dos estudantes da instituição em unidades de saúde públicas da região e é um dos principais nomes em cirurgia endoscópica para tratamento de obesidade, tanto com balão gástrico quanto com endosutura (costura do estômago por via endoscópica), sendo pioneiro na aplicação dos métodos.

Técnica desenvolvida por Grecco foi avanço para obesidade média

O endoscopista bariátrico Eduardo Grecco é um dos principais nomes no tratamento de obesidade no País. Responsável pela implementação do programa de residência  médica em endoscopia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), o especialista desenvolveu um tratamento multidisciplinar para obesidade média, sem a necessidade de intervenção cirúrgica, com a colocação de balões gástricos ou com a técnica de sutura endoscópica. 

“O Brasil é o País que mais coloca balões gástricos no mundo. Mesmo assim, temos poucas pessoas que se tratam por causa da obesidade, se a gente pensar que 25%  da população é obesa e 75% têm sobrepeso”, explicou. “A obesidade é uma doença crônica que não tem cura, mas com uma equipe multidisciplinar ela pode ser tratada”, completou.

Em sua clínica, o Instituto Endovitta, ele aplica o tratamento desenvolvido que conta com nutricionista, psicólogos, mesmo em pacientes que ainda não atingiram um grau elevado de obesidade. “A gente foi abrindo a cabeça e vendo que não precisava esperar o paciente chegar a 200 quilos para fazer uma cirurgia bariátrica. O balão gástrico pode ser usado antes de chegar nesse ponto”, completou.

Grecco afirmou que a Agência de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), instituição equivalente à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), aprovou o uso de balões intragástricos nos Estados Unidos com base em parâmetros de experiências e estudos conduzidos no Brasil. “Podemos usar o balão em um paciente que precisa perder 40, 50 quilos, para ter condições de uma cirurgia. Pode haver um uso conjunto de técnicas visando o bem-estar do paciente e o melhor resultado”, concluiu.



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