Setecidades Titulo Familiares em desespero
Procedimento de urgência
demora 18 dias em São Bernardo

Pacientes com Covid-19 em estado grave têm de esperar por traqueostomia no HU

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
23/06/2021 | 00:01
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Pacientes infectados com o coronavírus em estado grave, que estavam entubados e precisaram de traqueostomia no HU (Hospital de Urgências) de São Bernardo, tiveram que aguardar vários dias pelo procedimento, mesmo ele sendo considerado de urgência. Um aposentado de 75 anos e uma técnica de enfermagem, de 53, aguardaram até 18 dias pela realização da intervenção, pois não havia equipe médica disponível.

A traqueostomia é uma intervenção cirúrgica que consiste na abertura de um orifício na traqueia (na região do pescoço) e na colocação de uma cânula para a passagem de ar, indicado para casos em que a respiração do paciente não pode ser realizada pelas vias aéreas. Tem sido realizada em muitos doentes infectados pela coronavírus para que eles possam ser desentubados.

O caso que demorou mais tempo foi o do aposentado Pedro Alexandre Lourenço, 75. Gislaine Lourenço, 35, técnica de radiologia, filha do idoso, acusa a Prefeitura de São Bernardo, sob comando do prefeito Orlando Morando (PSDB), de neglicência no atendimento. A moradora contou que o pai vinha passando mal desde o mês passado e após duas idas à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Riacho Grande foi diagnosticado com infecção urinária. Seu estado de saúde foi se agravando até que em 18 de maio foi internado.

Já hospitalizado no HU, o idoso precisou ser transferido para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e, apesar de apresentar sintomas da Covid-19, o primeiro exame para detectar a infecção pelo novo coronavírus deu negativo, sendo que a doença só foi confirmada após a internação. A família autorizou a traqueostomia no dia 3 de junho e, segundo a equipe médica, havia urgência na realização do procedimento, mas ela só foi realizada na segunda-feira, 18 dias depois.

De acordo com áudios enviados pelos médicos à família de Lourenço, aos quais o Diário teve acesso, a equipe que deveria realizar o procedimento no aposentado foi afastada do trabalho devido à contaminação por coronavírus e não havia outros profissionais disponíveis no hospital.

Gislene, que também é profissional da área de saúde, afirma que sabe os riscos que o pai corre sem a traqueostomia, que é o que vai permitir que ele seja desentubado, e criticou a demora da hospitalização e no procedimento.

A técnica de enfermagem Ivone de Fátima Vieira, 53, foi internada no HU em 23 de maio e desde 3 de junho está entubada. Na quarta-feira, dia 17, a família também autorizou a realização de uma traqueostomia de urgência, que até ontem não havia sido realizada. “Estamos no meio de uma pandemia, não temos condição nenhuma de ficar sem médicos e deixar os pacientes à própria sorte”, reclamou a nora de Ivone, a estudante universitária Victoria Sá, 24.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo informou que o paciente Lourenço estava com o processo de traqueostomia agendado para o dia 9 de junho, porém, nessa data, a equipe médica decidiu por não realizar o procedimento devido à instabilidade do quadro clínico do paciente. Essa informação conflita com os áudios aos quais o Diário teve acesso, onde um médico confirma que o procedimento não foi realizado por falta de profissional.

A administração municipal informou que procedimento foi realizado na segunda-feira, o que foi confirmado pela família. A traqueostomia de Ivone estava agendada para ontem, mas até o fechamento desta edição, não tinha sido realizada.




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