Hackers invadem plenária virtual sobre diversidade sexual e de gênero com discursos de ódio e terrorismo
Plenária virtual para celebrar o mês do orgulho LGBTQIA+, promovida pela Prefeitura de Santo André, acabou virando cenário de ataques homofóbicos. Na sexta-feira, a primeira live sobre o tema foi invadida por conteúdos com discursos de ódio contra a comunidade e teve de ser interrompida.
Militantes de diversos segmentos do movimento LGBT e servidores da administração iniciaram o debate “Famílias que saem do armário, desconstrução e construção de uma vida saudável”, em plataforma virtual, aberta ao público, quando participantes se infiltraram na plenária para aterrorizar os manifestantes.
Vídeos e fotos registradas pelos organizadores do evento mostram criminosos reproduzindo ataques homofóbicos, como um vídeo que foi espelhado na live em que um homem encapuzado aparece queimando a bandeira LGBT. Os hackers conseguiram até tomar as ‘janelas’ das webcams dos participantes, ridicularizar os palestrantes com mensagens de apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido). “Militantes, queimem no inferno”, escreveu um deles. Outra janela imprime, com escrita tosca: “Invasão. #Mito2022”.
Os ataques homofóbicos por parte de bolsonaristas, embora já conhecidos pela comunidade gay, abalaram os participantes do evento, que relataram ao Diário terem ficado traumatizados com o movimento que consideraram “coordenado” e semelhante à tática do chamado ''gabinete do ódio'', em que apoiadores e aliados do presidente atacam sistematicamente os direitos humanos, espalham fake news e promovem atos antidemocráticos e inconstitucionais, como a defesa à ditadura militar e ao fechamento de instituições como o Congresso Nacional e o STF (Supremo Tribunal Federal) .
Extraoficialmente, a Prefeitura de Santo André informou que o caso foi comunicado à Polícia, por meio de boletim de ocorrência, e que aguarda a apuração do fato.
Entidades que participaram da plenária, porém, cobram posicionamento público e repúdio enfático por parte da administração. Eles temem que as ameaças e ataques persistam, já que há outras lives marcadas ao longo do mês sobre o universo LGBTQIA+, como saúde mental e a desconstrução de preconceitos contra pessoas que vivem com HIV.
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