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Sucesso e sonho de saltador brasileiro passam por Sto.André

Após tratamento clínico na região, Thiago Moura disputa hoje o Troféu Brasil de Atletismo em busca de índice para a Olimpíada

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
11/06/2021 | 00:53
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Wagner Carmo/ CBAt


Um centímetro pode representar medida irrisória para uma pessoa comum e, ao mesmo tempo, é capaz de tornar real o sonho de um atleta profissional ir a uma Olimpíada. Para Thiago Moura, do salto em altura, é necessário pouco mais do que isso – seis centímetros, para ser mais específico. Atual campeão do Troféu Brasil, em dezembro de 2020, quando saltou 2,27 m, hoje ele estará no Centro Olímpico, na Capital, em busca de muito mais do que o título da edição 2021 do torneio mas, quem sabe, alcançar 2,33 m, que daria a ele o índice para os Jogos Olímpicos de Tóquio – e, de quebra, o faria quebrar o recorde Sul-Americano.

“Quando era muito novo disse para mim mesmo que chegaria a uma Olimpíada. Me deslumbrava mais com o Mundial, mas fui entender a importância dos Jogos Olímpicos quando comecei a estudar. Então é minha maior ambição. Nada está acima disso. Já fiz muitos sacrifícios e é uma conquista que vai me levar orgulho para sempre”, declara Thiago Moura, 25 anos, que, com a marca de 2020, ficou a um centímetro do recorde do Troféu Brasil. Há duas semanas, ele disputou o Sul-Americano no Equador e ficou com o vice-campeonato, com a marca de 2,23 m, atrás do compatriota Fernando Carvalho, que saltou 2,29 m.

Mas não é somente por meio do índice olímpico que Thiago Moura pode garantir vaga. Isso porque existe um ranking mundial com a somatória de pontos de eventos disputados. O recente segundo lugar deu a ele 145 pontos, o elevando para a 25ª posição na tabela, com 1.210 pontos – Fernando Carvalho aparece em 14º, com 1.259. Aqueles que ocuparem as 32 primeiras posições em 29 de junho estarão garantidos em Tóquio. E o saltador pode somar mais pontos neste evento de hoje, com possibilidade de ganhar posições.

“Minha média de melhora desde que comecei era de dois, três centímetros por ano. Em 2020, comecei com 2,22 m e terminei com 2,27 m. Então já fiz isso antes, não sei porque não fazer de novo”, explica. “Em treino já (alcançou a marca de 2,33 m), mas treino é treino, jogo é jogo”, salienta Thiago, que começou na modalidade aos 13 anos.

Atualmente, os líderes do ranking mundial, o bielorrusso Maksim Nedasekau e o catari Mutaz Essa Barshim, aparecem como favoritos por terem as melhores marcas do ano, com 2,37 m – como base de comparação, José Telles da Conceição saltou 1,98 m nos Jogos de Helsinque, em 1952, quando conquistou a primeira e única medalha (bronze) brasileira em uma Olimpíada. E Thiago sonha em ostentar a segunda, seja lá qual for a cor. “Sou muito ambicioso e determinado. Nada é impossível, vai ser trabalhoso, mas por que não? Se fizer por merecer, por que não?”, questiona.

Apesar de treinar em Guarulhos – inclusive sob batuta de seu pai, Nilton Moura –, essa busca por representar o País no principal evento esportivo do mundo passa pelo Grande ABC, mais exatamente por Santo André, onde o atleta realiza desde o início do ano um tratamento com ondas de choque no calcanhar esquerdo para estar plenamente apto para desempenhar seus saltos com o fisioterapeuta Alexandre Alcaide, que por tantos anos trabalhou no Azulão, no Ramalhão e em outras equipes e modalidades, e tem clínica de medicina esportiva. Ele utilizou o método para tratar lesão similar na ex-pivô do basquete andreense Simone Lima.

Ondas de choque salvam busca pelo objetivo

Thiago Moura chegou à clínica em Santo André por indicação. Com uma tendinite causando muitas dores, sem sucesso nos tratamentos realizados até então e impedindo os treinos de alto rendimento, recorreu às ondas de choque, tratamento que consiste em emitir energia mecânica para o local lesionado, proporcionando uma maior velocidade no processo de autorreparação em lesões, por exemplo, de fator repetitivo, como impactos.

“É um processo que veio do tratamento não cirúrgico para quebrar pedra nos rins. Até 2000 se tratava pedra nos rins com cirurgia. A partir daí, começou a aplicar o aparelho de onda de choque externamente na região do rim para quebrar as pedras e expelir. Todo este conceito foi passado para tratar outras lesões músculo-esqueléticas, para aceleração cicatricial. Faz com que o corpo acelere e se repare”, conta o fisioterapeuta Alexandre Alcaide. “Então o aparelho faz com que o organismo se regenere independentemente do repouso. Não atrapalha, não tira do treino e acelera o tratamento”, emenda o especialista.

Thiago conta que, de fato, após a primeira das quatro sessões que realizou – ainda deveria fazer mais uma –, já sentiu melhora e pôde seguir com os treinamentos. “Já senti diferença na primeira. Estava em condição tão inflamada que não conseguia fazer nada de impacto ou contatos repetitivos. Estava fazendo tratamento só com o laser, que não mudava muita coisa. Na hora da aplicação dói. Enquanto rola o tratamento, sente dor e ao mesmo tempo que tem alguma coisa acontecendo ali dentro. Pós isso, é impressionante como o corpo parece começar a se recuperar sozinho cada vez mais rápido. E em duas semanas voltei a treinar normalmente.”

O tratamento permitiu não só a retomada das atividades como a participação em competição de alto nível, como o Sul-Americano do Equador, há duas semanas, no qual Thiago foi vice-campeão. “A tecnologia vai ser um divisor de água daqui para frente no meio esportivo também. Quem tiver a melhor forma de se recuperar, vai conseguir alcançar seu rendimento, seu resultado, com mais precisão e mais pressa. É muito importante que o atleta de alto rendimento tenha direito e acesso a esse tipo de tratamento”, exalta Thiago. “O negócio é poder se beneficiar de tecnologia ainda pouco explorada e que vai restaurar a qualidade de vida de antes da lesão mais rapidamente. Isso é essencial. Viver com dor é algo que não é interessante para ninguém. Dor é fator que limita paciente no trabalho, atividade esportiva, a vida”, conclui Alexandre Alcaide. 




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