Política Titulo Virou caso de polícia
Rio Grande registra vacina para servidor que não se imunizou

Funcionário da Câmara, de 23 anos e à espera do medicamento, vai à polícia após ver seu nome na lista de pessoas que tomaram a 1ª dose

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
11/06/2021 | 00:01
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André Henriques/ DGABC


A vacinação em Rio Grande da Serra virou caso de polícia. Servidor da Câmara, Gabriel Henrique Afonso Campagnoli, 23 anos, registrou BO (Boletim de Ocorrência) depois de descobrir que seu nome aparece na lista de vacinados contra a Covid-19 sem ele ter se imunizado.

Campagnoli conta que, no domingo, acessou o site do governo do Estado (o Vacina Já) para agendar a aplicação da dose. Pelo cronograma estadual, sua faixa etária será imunizada na primeira quinzena de outubro. “Quis agilizar o registro porque me falaram que facilita e porque eu fugiria de fila quando chegasse a minha vez”, relatou.

Porém, o servidor público tomou susto quando percebeu que, neste sistema, seu nome aparecia como imunizado de primeira dose da Coronavac. Havia registro de que a imunização havia ocorrido na UBS (Unidade Básica de Saúde) do Centro, no dia 16 de março, época em que a cidade ainda vacinava idosos com 75 e 76 anos.

“A princípio achei que havia sido um erro no sistema. Consultei depois o Vacivida (portal do governo do Estado que apresenta dados sobre a vacinação em território paulista) e todos meus dados estavam lá”, comentou Campagnoli. “Neste dia (16 de março), eu levei meus avós para serem vacinados na UBS Central. Eu não tomei a vacina”, emendou o funcionário, que considera até realizar exame para provar que não está imunizado contra o novo coronavírus.

Na segunda-feira, Campagnoli decidiu ir à Secretaria de Saúde, liderada pelo médico Tchello Pierro, para buscar informações sobre o caso. Protocolou requerimento narrando os fatos. Saiu da pasta sem ter pistas do que pode ter acontecido.

Ele também se encaminhou à Delegacia de Polícia de Rio Grande para formalizar BO sobre o episódio. A servidora Rosete Holanda dos Santos, que aparece no sistema municipal como quem aplicou a vacina em Campagnoli, aparece neste primeiro momento como única investigada formal.

As doses de vacina são enviadas pelo governo do Estado, mas cabe ao município organizar a aplicação na população. Este foi o segundo caso suspeito envolvendo a vacinação em Rio Grande da Serra, no governo de Claudinho da Geladeira (Podemos).

O primeiro resultou, inclusive, na abertura de CPI na Câmara de Rio Grande. Silvia Maria Rodrigues da Silva, chefe de setor na Secretaria de Serviços Urbanos, se vacinou na primeira leva de doses à cidade (em janeiro) sem ser do grupo de risco ou da linha de frente. A suspeita é a de que ela tenha sido transferida temporariamente para a Secretaria de Saúde e, assim, foi enquadrada como profissional da área, atendendo as regras do PNI (Programa Nacional de Imunização) – veja mais abaixo.

A Prefeitura de Rio Grande informou que instaurou sindicância para investigar o caso e que pediu informações à Secretaria Estadual de Saúde sobre o cadastramento do servidor junto ao sistema paulista de vacinação.

CPI confirma depoimento de Bacalhau

A CPI do Fura-fila da vacinação contra a Covid-19 na Câmara de Rio Grande da Serra conseguiu convocar o secretário de Governo, o ex-vereador Pedro Wilson Estanqueira, o Bacalhau (Avante), para que auxiliar do prefeito Claudinho da Geladeira (Podemos) preste depoimento à casa. A oitiva foi marcada para terça-feira, às 10h.

Instalada no fim do mês passado, a CPI apura os motivos pelos quais Silvia Maria Rodrigues da Silva, chefe de setor da Secretaria de Serviços Urbanos, foi imunizada em janeiro, quando as 440 doses que a cidade havia recebido precisavam, necessariamente, ser destinadas a profissionais da área da saúde da linha de frente de combate à Covid-19.

A suspeita dos vereadores é a de que Bacalhau teria capitaneado manobra administrativa para assegurar a vacinação de Silvia. Ela segue registrada como servidora de Serviços Urbanos.

A primeira tentativa de convocação de Bacalhau foi frustrada diante da recusa do secretário em assinar o ofício. Ontem pela manhã, o ex-vereador seguia reticente em rubricar o documento. Tanto que o presidente da CPI, vereador Claudinho Monteiro (PTC), cogitava adotar convocação coercitiva – ou seja, sem possibilidade de fuga. À tarde, porém, Bacalhau decidiu assinar a convocatória.

Bacalhau é uma das peças centrais do governo de Claudinho da Geladeira (Podemos). Ele foi destacado pelo chefe do Executivo para ser a ponte entre os poderes, mas a relação está estremecida a despeito de a gestão ter somente seis meses.  




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