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Doença inflamatória intestinal
Mathew Kazmirik
23/05/2021 | 07:00
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 1 – No dia 19 de maio comemorou-se o Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal (DII). Qual a importância desta data?
O intuito dessa data é chamar a atenção tanto da população quanto do governo para a importância da doença inflamatória intestinal. Não há dados precisos em relação aos pacientes que sofrem do problema, mas sabemos que a prevalência e os novos casos da doença vêm aumentando progressivamente. Assim, a data serve também para que não se deixe faltar medicamento para quem precisa e alertar para as dificuldades desses pacientes.

2 – A Doença Inflamatória Intestinal engloba quais enfermidades?
Basicamente, as doenças englobadas nesse diagnóstico de doença inflamatória intestinal são a Doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

3 – Quais são as causas que levam à DII e os principais sintomas de quem sofre com a doença?
Não há uma única causa que leva ao desenvolvimento da doença inflamatória intestinal. É um distúrbio associado ao sistema imunológico, como se fosse uma doença autoimune. Existem fatores genéticos e ambientais envolvidos também, como o consumo de alimentos industrializados. Em relação aos sintomas, na retocoloite o mais comum é o paciente ter diarreia, cólicas abdominais e presença de sangue ou muco nas fezes. Já na Doença de Crohn, o sintoma mais frequente é a dor abdominal, que pode ou não ser acompanhada de diarreia. Eventualmente, pode ocorrer febre e perda de peso.

4 – Estudos apontam que, às vezes, o diagnóstico do problema demora para ser feito. Por que isso acontece?
Há casos em que o paciente passa inúmeras vezes no pronto-socorro, por conta de diarreia ou dor abdominal, sem que se chegue a um diagnóstico e sem que o paciente seja encaminhado para o especialista. Então, o que estamos fazendo é divulgar cada vez mais as doenças inflamatórias intestinais para os médicos que não são especializados na área para que eles possam identificar esses pacientes.

5 – Como é o tratamento dos pacientes que sofrem desses distúrbios?
Os corticoides são tratamentos efetivos para tirar os pacientes da crise, mas são drogas que não podem ser utilizadas por longos períodos. Nos últimos 20 anos surgiram as medicações imunobiológicas, que têm alvos específicos para tentar diminuir a inflamação nesses pacientes. É possível tratá-los com essas medicações quando há um diagnóstico mais precoce. Se o diagnóstico é feito tardiamente, às vezes já tem uma fibrose ou um estreitamento no intestino que o remédio não vai mais conseguir reverter. Esse paciente pode precisar de um tratamento cirúrgico para depois continuar o tratamento com os imunobiológicos.

6 – Qual é o impacto da alimentação tanto na prevenção como no tratamento da Doença Inflamatória Intestinal?
Ainda não se conhece o real impacto dos alimentos como causa da doença inflamatória intestinal. Provavelmente existe uma relação entre alimentos industrializados, com muitos conservantes e agrotóxicos, e o desenvolvimento da doença. Do ponto de vista de tratamento, a alimentação pode produzir conforto ou desconforto no paciente. Aquele que sofre com diarreia, por exemplo, tem que evitar uma série de alimentos como verduras, frutas, leite etc. Quem tem um estreitamento no intestino deve evitar os alimentos fibrosos também, para não ter crise de cólica. Ou seja, a terapia nutricional faz parte do tratamento da doença inflamatória tanto para aliviar os sintomas como para melhorar o estado geral do paciente.

7 – Existe relação do problema com estresse e ansiedade?
Ainda não existe comprovação científica relacionando esses pontos, mas sabemos, pela experiência clínica, que o estresse e a ansiedade desencadeiam crises de doença inflamatória intestinal em um grande número de pacientes. Provavelmente porque pessoas nessas condições podem produzir mais substâncias inflamatórias que circulam no sangue.

8 – O Hospital Brasil acabou de inaugurar o Núcleo de Doenças Inflamatórias Intestinais. O que ele oferece?
O núcleo é um centro de referência para identificar e tratar essas doenças. Ele funciona no nosso Centro Médico, na Rua Tiradentes, e reúne equipe de mais de 30 profissionais. Entre eles, médicos nas áreas de gastroenterologia, cirurgia do aparelho digestivo, coloproctologia, reumatologia, dermatologia e gastropediatria, além de nutrólogos, nutricionistas e psicólogos. Todos liderados pelo professor Antonio Carlos de Moraes, coordenador da Gastro D’Or.

9 – Além da abordagem multidisciplinar, o que mais o Núcleo do Hospital Brasil proporciona a esses pacientes?
Possuímos um centro de diagnóstico completo voltado para doenças inflamatórias intestinais com equipamentos de endoscopia e colonoscopia. Oferecemos exames de imagem específicos para essas doenças, como a enterotomografia e a enteroressonância magnética, que permitem avaliar o intestino e identificar possíveis anomalias, como inflamações. Temos também um centro de infusões para as terapias imunobiológicas, utilizadas para combater e controlar doenças inflamatórias e autoimunes.




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