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O adeus de uma estrela. Um filme único. Sua presença no Grande ABC Eva Wilma
Por Ademir Medici
23/05/2021 | 07:00
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Beltran Asêncio, o fotógrafo da cidade, registrou a bela Eva Wilma no Restaurante Binder, a poucos quarteirões dos estúdios da Vera Cruz. A bailarina do Municipal de São Paulo, em início de carreira, foi a estrela de um filme hoje histórico, O Craque, com a participação de vários jogadores do Corinthians campeão do IV Centenário. No texto que se segue, o professor Antonio de Andrade lembra uma entrevista que fez com a estrela.

A atriz. O Craque.
A Vera Cruz
Texto: Antonio de Andrade
Com muita tristeza recebo a notícia do falecimento da querida atriz Eva Wilma. Em 2005, numa solenidade comemorativa aos 55 anos da televisão brasileira, tive a oportunidade de entrevistá-la. Fiquei então sabendo que a primeira vez em que atuou como atriz foi em uma pequena ponta, como coadjuvante, no filme Ângela, da Vera Cruz.

Desde 1947 (aos 14 anos) fazia parte de um grupo de balé que ensaiava no Teatro Municipal de São Paulo. Em 1951 chegou ao teatro uma equipe da Cia. Cinematográfica Vera Cruz para tomadas de cena do mencionado filme. Um dos atores de Ângela era John Herbert, que viria a ser seu marido.

Apresentados por um amigo em comum deram início a um namoro que iria se consolidar em casamento no fim de 1955. 

Em 1953 Eva Wilma acompanhou o namorado até São Bernardo, onde ele participava de outra produção da Vera Cruz: Uma Pulga na Balança. O diretor do filme, o italiano Luciano Salce, estava precisando de uma coadjuvante para uma cena e convidou Eva Wilma para participar com um único e breve diálogo: “Sou uma mulher casada”. Começava naquele momento uma brilhante carreira que duraria quase sete décadas.

Eva Wilma não foi contratada para atuar na Vera Cruz, mas seu rosto e desempenho chamaram a atenção da direção de uma empresa concorrente, a Multifilmes, fundada em 1952 no município de Mairiporã pelo cineasta italiano Mario Civelli.

Nessa empresa ela participou de três filmes: “O Homem dos Papagaios; A Sogra e O Craque. Esse último realizado em 1953. Uma preciosidade para os apreciadores da memória do futebol brasileiro.

Trata-se de um dos raros filmes nacionais que inseriram a temática ‘futebol’ em um roteiro de longa-metragem. O valor histórico fica ressaltado pela presença dos principais jogadores do Sport Club Corinthians Paulista e que, no ano seguinte às filmagens, conquistariam o título de Campeão do IV Centenário. A presença de craques como Gilmar, Luizinho, Baltazar, Olavo, Roberto e Carbone é um dos destaques do filme.

Eva Wilma faz o papel da namorada de Julinho, um jovem e desacreditado futebolista reserva que, numa partida internacional importante, entra em campo para substituir o lesionado Carbone e acaba marcando o gol da vitória do alvinegro paulista.

Infelizmente a única cópia do filme encontra-se depositada na Cinemateca Brasileira em estágio acelerado de deterioração aguardando, por anos, verba para a necessária restauração.

Trechos do filme podem ser assistidos pelo YouTube, bastando colocar na janela de pesquisa: ‘filme o craque’. 

Sobre Eva Wilma a Imesp (Imprensa Oficial do Estado de São Paulo) publicou o excelente livro, repleto de fotos do arquivo pessoal da atriz: Eva Wilma: Vida e Obra. Tal publicação está disponível – gratuitamente – a todo interessado. Basta colocar na janela de pesquisa do Google: ‘Eva Wilma coleção aplauso’.

NOTAS
O relato do professor Andrade, em função da temática do filme O Craque, foi lido por integrantes do Memofut (Grupo de Literatura e Memória do Futebol). E algumas dicas importantes foram anotadas por Memória:
Alexandre Andolpho Silva – O coordenador do Memofut lembra uma matéria da Folha de S. Paulo, de 2008, que trata do filme O Craque e que se preocupa com a preservação da fita original.

Escreve a Folha: “Os negativos de O Craque, de 1953, o mais antigo longa-metragem nacional com o futebol como pano de fundo que não se perdeu com o tempo, estão em “estágio de deterioração muito avançada, provavelmente com partes irrecuperáveis”, segundo laudo expedido pela Cinemateca no fim de 2007” (cf. edição de 23 de março de 2008.

Moacir Andrade Peres e Sérgio Miranda Paz confirmaram que o vídeo de O Craque está no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=mVjxFgEI5Iw, Sérgio Paz informa que a qualidade do vídeo é razoável. Devem estar faltando alguns trechos, pois no YouTube ele está com 63 minutos. Ao que parece, sua duração original era de 80 minutos.

Em 23 de maio de ...
1916 – É celebrada, na matriz de Santo André, uma missa em memória do primeiro aniversário de falecimento da senhorita Glorinha, filha do coronel Alfredo Luiz Flaquer.
Visitou o Grupo Escolar de Santo André o inspetor escolar Mauricio de Camargo.
1926 – Milton de Figueiredo nasce em Jardinópolis (São Paulo). Veio para Santo André. Trabalhou na GE. Foi vereador na legislatura 1952-5.
1986 – Diana Pequeno apresenta-se no Teatro Cacilda Becker, em São Bernardo.
Depois de viver quase meio século nas prisões de São Paulo, falece, aos 98 anos, Gino Amleto Meneghetti, o mais famoso personagem da crônica policial brasileira.

Diário há meio século...
Domingo, 23 de maio de 1971 – ano 13, edição 1543
No rádio – O colunista Serafim Vicente, do Diário, entrevista na Rádio Diário do Grande ABC o padre Franco Masiero e o médico Mário Degni. Dr. Degni destacaria em sua fala o motivo que o levou a deixar a direção da Faculdade de Medicina da Fundação Universitária do ABC, além de descrever como era a cidade de Santo André na sua juventude.

Santos do dia
JOÃO BATISTA DE ROSSI (Itália, 1698 – 23-5-1764). Sacerdote. Atuava junto aos pobres, doentes, encarcerados. Tinha o dom do conselho. Era atencioso e paciente com os fiéis, que formavam filas para se confessarem com ele. Seu enterro foi custeado pela caridade dos devotos.

Epitácio
Miguel, bispo

Municípios brasileiros...
No Estado de São Paulo, hoje é o aniversário de Bocaina, elevado a município em 1891, quando é desmembrado de Jaú.
Pelo País afora, aniversariam em 23 de maio: no Mato Grosso, Mato Grosso; na Bahia, Belmonte; no Ceará, Groaíras; no Pará, Igarapé-Mirim; no Rio Grande do Sul, Nova Bassano; no Amapá, Oiapoque; e no Espírito Santo, Vila Velha.




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