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Acusados de carbonizar família em São Bernardo vão a júri popular

Justiça publicou sentença hoje, que inclui a filha do casal Anaflávia e a companheira dela, Carina

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
19/05/2021 | 16:23
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Banco de Dados/DGABC


 

Os cinco acusados pelo MP (Ministério Público) pelas mortes do casal Flaviana Meneses Gonçalves, 40 anos, e Romuyuki Veras, 43, além do filho menor deles, Juan Victor Meneses Gonçalves, 15, foram encaminhados pelo juiz Lucas Tambor Bueno, do Fórum do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) em Santo André, a júri popular. A primogênita do casal, Anaflávia Gonçalves, 24, e a companheira dela, Carina Ramos, 31, além de Juliano Oliveira, 22, Jonathan Fagundes, 23 – primos de Carina –, e Guilherme Ramos, 19, receberam a sentença de pronúncia na segunda-feira, porém, a data do julgamento ainda não foi agendada, já que os réus têm prazo de cinco dias para entrar com recurso contra a medida.

As vítimas foram encontradas carbonizadas no porta-malas do carro da família, um Jeep Compass, na Estrada do Montanhão, em São Bernardo, no dia 28 de janeiro do ano passado. Segundo a acusação, a filha do casal e sua companheira arquitetaram o crime para herdar os bens da família. O caso chocou o Brasil, já que a investigação chegou à conclusão de que o casal e o filho, diferentemente do que se ventilou no início do caso, foi ameaçado com arma de fogo para que entregassem pertences e a senha do cofre, além de terem sido drogados e mortos ainda dentro de casa, a pauladas e sufocados, e só depois foram levados para a estrada, quando os cinco envolvidos optaram por queimar os corpos no intuito de que provas fossem descartadas.

Primo de Flaviana, Diogo Reis, 31, disse que o MP e os advogados da família têm dado amparo e suporte, e que estão satisfeitos com o trabalho feito até agora, porém, afirma que não ficarão sossegados enquanto o caso não for finalizado. “Essa decisão do júri popular nos dá um certo conforto, porque, de certa forma, acreditamos que será um júri crítico. A prisão delas está mais que decretada, mas, mesmo assim, temos esperança de que esse júri ocorra muito em breve”, projetou.

Diogo contou ainda que sua tia, Vera Lúcia Chagas Conceição, 57, mãe de Flaviana, pediu diversas vezes para ir até o Presídio de Tremembé, no Interior do Estado, onde Anaflávia está presa, para entender o que motivou a neta a cometer o crime. “Ela (Vera) ainda não conseguiu entender. Por mais que a gente explique e mostre, e ela clame por Justiça, como avó, ela quer ouvir algo que conforte seu coração”, contou.

Embora os parentes clamem por justiça rápida, o advogado Epaminondas Gomes de Farias, assistente de acusação contratado pela família das vítimas, explicou que a data, porém, ainda não foi marcada, já que os réus estão no prazo de defesa, ou seja, podem apresentar até sábado recurso contra a decisão de que sejam encaminhados a júri popular. “Se eu fosse advogado da defesa deles, não tentaria o recurso. Eles já estão presos. Não apostaria nisso, sobretudo porque a Justiça é mais célere quando os réus estão em cárcere”, pontuou o especialista.

Farias destacou ainda que, caso a defesa recorra da decisão da Justiça, o júri acontecerá somente em um ano e meio. “Agora, se não entrarem com defesa, aí sim vamos marcar o plenário para o tribunal do povo”, garantiu o advogado, afirmando que, ao menos a primeira fase, a Justiça finalizou da “forma como esperava”. “A Justiça pronunciou todos os cinco réus. Essa segunda fase é quando a população vai dar uma resposta compatível a tamanha crueldade”, disse o especialista.

Segundo Farias, no segundo semestre de 2020, os réus participaram de três audiências de instrução, todas on-line, e todos seguem minimizando a situação. “Um joga para o outro, coloca sua participação menor no crime, e em muitas outras ocasiões optaram por não falar nada”, contou o advogado, garantindo que Anaflávia e Carina continuam afirmando que só participaram do roubo do montante de R$ 85 mil que estariam em um cofre dentro da casa, no Jardim Irene, em Santo André.

A reportagem apurou ainda que cada um dos acusados apresenta uma linha de defesa distinta, mas, de maneira geral, todos negam participação no assassinato. Mesmo assim, a acusação do MP incrimina os cinco réus pelos homicídios, ocultação de cadáveres e roubo patrimonial, o que renderá aos cinco envolvidos pena máxima, que pode chegar a 30 anos de cadeia.

Questionado, o advogado de defesa de Anaflávia e Carina, Sebastião Siqueira Santos Filho, afirma que, em princípio, não irá recorrer da sentença que determina julgamento por júri popular. “Nós já esperávamos que houvesse essa decisão de pronúncia, e não almejamos recursos para essa fase. Quanto mais rápido for julgado, melhor. Para nós também é interessante (que seja rápido)”, confirmou o advogado.

Sebastião acredita ainda que o júri dê o “melhor veredicto”, já que, segundo ele, o processo “deixa claro que Anaflávia é inocente”. “Ela foi envolvida de forma involuntária (no crime). A Carina, não, já que desde o início o objetivo dela era participar do roubo simulado. Agora, as mortes fugiram do controle”, finalizou o advogado.

Também advogado de defesa das acusadas, Lucas Domingos confirmou o pronunciamento do colega, Sebastião.

A adovagada de defesa de Juliano e Jonathan, Alessandra Jirardi, afirmou que também não entrará com recurso contra a decisão de pronúncia. "Os réus estão presos, e nenhum recurso agora seria frutífero. Eu não vislumbro um provimento no tribunal em razão a esse inconformismo. Dentro do caso, entendo que, já que pronunciou, vamos direto para a plenária do júri, e lá sim vamos apresentar nossa versão, já que nessa primeira fase eles foram orientados a manter o silêncio", confirmou a advogada.

O Diário não conseguiu contato com o advogado de defesa de Guilherme Ramos.




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