É algo preocupante a divergência nos números de mortos pela Covid-19 no Grande ABC quando se comparam os dados fornecidos pelas prefeituras das sete cidades com os do Estado. A diferença chega a 530 óbitos, conforme pode ser visto em reportagem publicada nesta edição do Diário. Há argumentos plausíveis de ambos os lados a justificar o enorme contraste, mas eles não diminuem o prejuízo que informações equivocadas podem provocar nas políticas públicas de combate à pandemia. Exatamente por isso, tanto municípios quanto o Palácio dos Bandeirantes deveriam se esforçar para acabar com a discrepância.
Número de leitos disponíveis para o tratamento da doença, reserva de orçamento destinado ao combate do vírus, distribuição de vacinas e campanhas de prevenção são apenas alguns dos importantes mecanismos de atuação contra a pandemia que são parametrizados de acordo com o número de mortes verificadas em cada cidade. Daí a importância de os dados serem exatos. Qualquer imprecisão, por menor que seja, pode dar margem a medidas equivocadas por parte dos técnicos responsáveis por esquadrinhar políticas de enfrentamento ao inimigo.
Aproximar o número de mortes registradas no Estado com o dos municípios, buscando a extinção das diferenças, é o mínimo que a sociedade espera de seus gestores – ainda mais em se tratando da unidade federativa mais desenvolvida do País. Faz mais de um ano que o Brasil perdeu seu primeiro paciente para a doença e é lamentável constatar que ainda inexistam mecanismos precisos de aferição de óbitos.
Embora o Brasil pareça estar estancando o número de mortes, ainda se perdem muitas vidas diariamente para o vírus. Apenas nas sete cidades, ontem foram registradas mais 36 vítimas fatais da Covid-19, tragédia imensurável do ponto de vista humanístico. O mínimo que se espera dos governantes, sejam eles municipais e estaduais, é que respeitem a importância das estatísticas na batalha contra o novo coronavírus. É preciso ter consciência de que dados equivocados também podem matar.
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